“Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem
fiam”
Mateus 6:28b
Robson T. Fernandes
O
mundo está repleto de problemas, tentações e táticas de distração que roubam a
nossa capacidade de ouvir a Deus. Aliado à isso, que são questões externas, existem
as questões internas que nos perturbam, como a ansiedade e nossos pecados.
De
uma forma ou de outra, somos tentados diariamente a nos envolver com as coisas
dessa vida de maneira que aquilo que diz respeito ao Reino de Deus vai sempre
sendo deixado para segundo plano, ou terceiro. As coisas dessa vida que nos
seduzem podem ser os problemas diários ou mesmo a busca pela realização de
nossos sonhos ou desejos. Somos seduzidos pela correria da vida, que nos rouba
o tempo com Deus, e depois, quando estamos cansados por causa dessa correria,
somos seduzidos pela necessidade descanso e repouso, que também nos rouba o
tempo com Deus. No final, nunca temos tempo para Deus, pelo menos o tempo
suficientemente necessário para que tenhamos saúde espiritual.
Somos
tentados e cedemos à tentação. Porém, quando tudo vai mal temos enorme
dificuldade de ouvir com clareza a voz de Deus. Isso ocorre, normalmente,
porque nos habituamos a não observar os atos de Deus à nossa volta. Então,
passamos a desconhecer o “falar” do Senhor. Precisamos entender que as ações de
Deus também são formas de falar. Essas ações podem incluir uma mensagem
entregue em um culto por meio da exposição da Escritura, mas também envolve
situações e circunstâncias que nos cercam.
Ainda,
algumas pessoas desejam que o céu se abra em um raio de luz, seguido por uma
voz grossa que diz: “Eis que te digo filho meu....”. Pois bem, não é assim que
funciona! Desejam isso porque é mais fácil do que parar tudo e buscar tempo com
Deus em primeiro lugar. Mas, como farão isso se vivem agitados de um lado para
o outro com as coisas dessa vida?
Deus
nos fala constantemente, intermitentemente. O problema é que Ele fala de uma
forma diferente daquela que nós gostaríamos que fosse. Jesus nos manda observar
a Sua criação, pois ela tem muito a nos falar sobre Deus. Ou melhor, Deus tem
muito a nos falar por meio dela. O Salmo 19 já nos diz isso com clareza. Ele
nos manda, antes de tudo, examinar a Escritura (Jo 5:39), com dedicação, afinco,
com um santo temor. Ora, ninguém pode fazer isso com pressa.
Qual
foi a última vez que silenciamos para ouvir a Deus? Qual foi a última vez que nos
retiramos completamente para ouvir a Deus? Qual foi a última vez que paramos
para admirar uma flor (Mt 6:28b), observar as formigas (Pv 6:6), contemplar o
céu (Sl 19)?
Nós
nos habituamos a fazer as coisas do nosso jeito e no fim quando tudo dá errado
passamos a questionar a Deus e inquirir, com um tom de decepção, o porque que
Deus está em silêncio.
Nós
cantamos músicas agitadas, vivemos uma vida corrida, fazemos tudo com pressa, lemos
a Bíblia com pressa (quando lemos), oramos apressadamente (quando oramos), temos
um senso de urgência e somos imediatistas. Nós fomos treinados por uma
sociedade corrompida a querer tudo muito rápido. Alguém disse que somos a geração
Fast Food.
Jesus
nos disse que ouviríamos falar de guerras e rumores de guerras, mas não
deveríamos nos perturbar (Mt 24:6). O apóstolo Paulo nos disse que seríamos
atribulados, mas que não deveríamos nos perturbar (2Ts 2:2).
O
mundo faz de tudo para nos perturbar, nos destruir. Como reagiremos? Com as
armas do próprio mundo?
Em
Lucas 21:34 Jesus nos disse: “Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos
corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e
aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço”.
Precisamos
reaprender a arte do retiro e do silêncio. Precisamos andar na contramão
apressada do mundo. Não precisamos ter pressa, precisamos ter raízes! Uma raiz
não nasce, se desenvolve e se firma do dia pra noite.
Precisamos
buscar um tempo exclusivo com Deus, em silêncio, sem a perturbação deste mundo,
para ouvir a voz do Senhor. Para isso, sim, deveríamos ter pressa. Deveríamos nos
apressar por encontrar esse tempo. Isso gerará saúde para nossa alma.
Quem
está disposto a se retirar, silenciar, buscar calma para seu coração e ouvir a
voz do Senhor?