Robson T. Fernandes
É curiosa essa "comunidade" evangélica brasileira. Muito curiosa mesmo. E olha que eu sou evangélico viu?!
Tanto se fala em amor e evangelização. Então, isso é válido, em termos, especialmente se for para falar do erro de outras religiões, como idolatria por exemplo. Mas, quando se fala dos erros internos, da comunidade evangélica brasileira, boa parte dos próprios evangélicos reprovam tal atitude. Vejamos então o tipo de raciocínio que se usa:
1) Pode falar do erro de outras religiões e apresentar Jesus para eles. Isso é evangelização. Mas, falar dos erros internos e apresentar a doutrina bíblica é falta de amor.
2) Pode falar da Bíblia para as pessoas não evangélicas, mas falar daquilo que a Bíblia chama de pecado quando se refere à comunidade evangélica é falta de amor.
3) Pode falar contra o homossexualismo, por exemplo, com tom de autoridade e com "voz profética", mas falar dos pecados internos com autoridade e "voz profética" não pode, a menos - é claro - que haja um jogo de interesses. Caso contrário, é falta de amor, inveja etc....
Bem, parece que é fácil usar a Bíblia para os não evangélicos, mas parece que por aqui, dentro dessa comunidade brasileira, está cada vez mais difícil de se corrigir os erros à luz da Bíblia, especialmente quando o calo dói no próprio pé.
Para ser mais conveniente, muito mais fácil, pode-se citar os nomes de Buda, Confúcio, Maomé, Mao, Allan Kardec etc. Afinal, todos eles já morreram mesmo, não é? É muito fácil citar os nomes de Sabélio, Ário, Pelágio, Apolinário, Nestório etc, afinal fazer apologética citando a história de quem já morreu é mais fácil e menos polêmico, não é mesmo? Afinal, ainda tem seguidores de seus pensamentos, mas não seguidores de suas pessoas.
Mas, parece que é uma Via Crucis combater as distorções atuais e citar os nomes daqueles que têm maculado o Evangelho na atualidade, afinal estão vivos para se defender e ainda têm, na atualidade, um milhão de seguidores. Então, em nome da política de boa vizinhança, vamos continuar falando, apenas, dos erros dos outros, dos de fora, afinal, somos todos irmãos. Pois, o que importa mesmo é pregar o evangelho mesmo que não seja o Evangelho.
Para evitar escândalos, vamos apenas deixar que eles continuem escandalizando, e aos poucos vamos esquecendo que "nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos" (1Co 1:23). Vamos esquecer, propositalmente, que os cristãos de outrora eram conhecidos como aqueles que estavam transtornando o mundo (At 17:6). Deixemos, então, tudo em paz. Deixemos, então, os hereges escandalizarem o evangelho livremente, enquanto ocupamos o lugar de meros espectadores omissos, para não escandalizar, não é mesmo?
"Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados"
Edmund Burke
* Antes que alguém tire conclusões precipitadas, quero esclarecer que estou sendo irônico, e que a ironia, nesse caso, é um recurso literário.