Uma pequena reflexão sobre a tendência atual de se resumir e reduzir toda forma de escriat e pensamento
Robson T. Fernandes
Ao estudarmos a história da Igreja vemos pessoas que tinham suas pregações transformadas em livros, e diga-se de passagem, livros bem volumosos, como foi o caso de D. M. Lloyd-Jones, Spurgeon, Jonathan Edwards e muitos outros (E esses livros eram lidos). Podemos ver pessoas que expunham as suas ideias e as pessoas paravam para ouvir e pensar sobre o que era dito. Eram volumes e mais volumes de pensamento com conteúdo vasto e bem elaborado. Material que fora cuidadosamente preparado e meticulosamente transmitido.
Também, antigamente os seminários para formação de pastores funcionavam no sistema de internato, mas isto tem acabado, pois o sistema educacional da igreja tem se amoldado a correria e imediatismo do mundo e não dedica um tempo considerável na formação de seus futuros pastores. Na verdade, hoje podemos ver “pastores” sendo formados pela internet em um curso que dura três meses. Depois, a igreja reclama da qualidade dos líderes da atualidade e da falta de bons pregadores.
Ainda, vemos atualmente alunos que são preguiçosos para ler, que reclamam quando têm muito conteúdo para estudar e maldizem o professor quando este passa um trabalho que para ser feito exige a leitura de um livro volumoso. Na verdade, vemos uma grande maioria de alunos em seminários que nunca leram a Bíblia toda nem sequer uma única vez.
Hoje o que vemos é uma onda de redução, síntese, compilação e resumo que, em geral, é originada pelo ativismo da atualidade. Queremos tudo com pressa, temos pouco tempo e textos longos não são bem vindos, a menos que isto produza algum rendimento para o bolso ou para a conta bancária.
Hoje o que vemos são pessoas preguiçosas para ler e que cada vez mais pensam menos. Isto se reflete, inequivocamente, na leitura da Bíblia. Se muitas pessoas lêem e não entendem o texto bíblico não é só porque não têm o Espírito Santo, mas porque não têm hábito de ler e são as responsáveis por atrofiar cada vez mais a própria mente. Se o homem natural já não consegue entender as coisas espirituais, que dirá então de um homem natural preguiçoso e sem aptidão para leitura?
Cada vez se pensa menos, se reflete menos.
Comisso, se sintetizar é uma arte e exige uma capacidade especial, por outro lado é um perigo, pois corre-se o risco de se cortar pela metade aquilo que não pode nem deve ser cortado. Aquele ditado popular, “para um bom entendedor meia palavra basta”, já não se aplica mais. Hoje nós dizemos a mesma palavra duas vezes e perece que poucos entendem. Temos poucos “bons entendedores”. Por isso fico com a frase de Maurício Zágari, que disse que “se você não tem paciência de ler textos longos, o seu lugar não é aqui. Pois aqui as ideias têm começo, meio e fim” [1].
Então, para que muitos leiam esse texto estou parando por aqui. Apesar de ter muitas outras coisas para falar.
Ah, não estou me amoldando ao atual sistema que sempre reduz, sintetiza, compila e resume. Estou sendo sarcástico. Infelizmente realista, mas sarcástico!
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