Uma visão bíblica sobre os fundamentos do diálogo inter-religioso
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3:16).
O apóstolo Paulo ensina seu “filho
na fé”, Timóteo, afirmando que “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e
proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em
justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para
toda a boa obra” (2Tm 3:16). Portanto, devemos entender que toda ação de um
cristão autêntico deve estar de acordo com o ensino Escriturístico, pois a
Escritura Sagrada, a Bíblia, foi o único livro produzido por inspiração Divina.
A fonte de autoridade total e final na vida de um cristão deve ser a Bíblia.
Se um cristão procurar agir de
acordo com o que está escrito na Bíblia com certeza estará buscando o
aperfeiçoamento, todavia, se este prefere agir de acordo com os pensamentos
particulares de alguns líderes, este irá alcançar um mero estado de engano
pessoal e um final triste, sofrido e doloroso.
Pela falta de um ensino bíblico
correto e de sua prática, temos enfrentado, além dos problemas que envolvem a
frouxidão moral, o crescente ecumenismo.
Acreditamos que o ponto fundamental
dessa questão envolve a correta compreensão de quem é Jesus de fato, e qual o
significado verdadeiro de Sua obra.
Algumas perguntas têm sido
esquecidas, como: Quem é Jesus Cristo para as mais diversas religiões? Será que
o ecumenismo é um caminho viável, coerente e bíblico?
De acordo com Gordon Melton,
fundador do Instituto para o Estudo da Religião Americana e editor da
Enciclopédia das Religiões Americanas, existem entre 40 e 60 mil religiões no
mundo, surgindo entre 3000 e 4000 novas religiões por ano, e desaparecendo
anualmente entre 1000 e 2000.
As pessoas fazem releases dizendo que fundaram uma nova religião, mas não fazem releases para contar que elas morreram[...] Quando usamos o termo religião, o usamos como o equivalente de denominações cristãs. Há entre cerca de 40 mil e 60 mil religiões diferentes no mundo. Pode-se dizer cerca de 50 mil, a grosso modo. (PAOLOZZI, 2009, online).[1]
Com isso, podemos entender que cada
uma dessas religiões desenvolverá a sua própria definição e estereótipo da
pessoa de Jesus Cristo. Curiosamente, ao se falar de Jesus Cristo a grande
maioria dessas religiões irá “beber” na Bíblia Sagrada como fonte de informação
sobre a vida de Cristo.
Esse é um fenômeno importantíssimo
de se observar, porque atentaremos para o fato de que estes estarão retirando e
utilizando da Bíblia apenas aquilo que lhes é conveniente e oportuno,
desprezando todo o restante da Escritura ao seu bel prazer, e se fazendo
utilizar de outros escritos como fonte de autoridade particular, dando origem
às mais diversas doutrinas e ensinos que tornam as referidas religiões
incompatíveis e diferentes entre si. Daí, observamos o surgimento de acirradas
disputas e conflitos religiosos alicerçados na busca pelo poder, culminando no
arrebanhar de exército fiéis.
Em meio a essa celeuma religiosa
surge o movimento denominado de ecumenismo, que propõe amenizar essas
diferenças através do diálogo inter-religioso, com o objetivo de promover a
tolerância religiosa em um mundo envolvido pelo multiculturalismo.
Então, o que significa
“ecumenismo”? Será que esse movimento, ou ideologia, é correto e tem chances de
funcionar?
Ora, ao mesmo tempo em que Jesus é
utilizado por esse movimento como a linha que une essas diferenças, entendemos
que Jesus Cristo é, muito mais, a linha que divide.
De acordo com a Wikipédia (2009, online),
a definição de ecumenismo é a seguinte:
Ecumenismo é o processo de busca da unidade. O termo provém da palavra grega "oikos" (casa), designando "toda a terra habitada". Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões ou, mesmo, da humanidade. Neste último sentido, emprega-se também o termo "macro-ecumenismo". Surgiu na Conferência Missionária Mundial, em Edimburgo, em 1910, que resultou em dois congressos posteriores, em Estocolmo, em 1925 e Oxford em 1939.[2]
Para entendermos melhor a definição,
e a aplicação, do termo “ecumenismo”, teremos que recorrer a sua etimologia.
Inicialmente, é preciso entender a tradução do termo “mundo” no grego.
A palavra mundo no Novo
Testamento, em grego, aparece de três formas diferentes (GINGRICH; DANKER,
1984), dando-lhe assim um sentido mais complexo e significância diferentes. São
eles: 1) Oikoumenê; 2)
Kosmos; 3) Aiôn [3].
A palavra Oikoumenê (habitado, terra habitada,
humanidade etc.) é identificada com o gênero humano. A palavra Kosmos (universo, cosmos, Terra, planeta, humanidade em geral) é identificada com
universo inteiro. A palavra Aiôn (tempo muito longo, eternidade, sempre, século) apresenta-se em alguns textos
do Novo Testamento, em grego, com o sentido de mundo, nos quais geralmente o
termo também é aplicado quando se refere aos filhos desse mundo. Diferentemente
do que é ensinado, o termo ecumenismo não é oriundo de “koinonya” (comunhão),
mas da expressão Oikoumenê.
Portanto, é importante destacarmos alguns textos em que o termo Oikoumenê aparece, para entendermos o
sentido mais profundo de mundo (Veja as Referências bíblicas em que o termo “mundo” aparece no Novo Testamento).
Vejamos alguns exemplos:
At 17:31 nos diz que chegará
o dia em que o “mundo” [Oikoumenê] será julgado por Cristo, porém aquele que é
salvo não será julgado (Jo 3:18), mas estará junto com Cristo julgando (1 Co
6:2). Este “mundo” que será julgado será “o não salvo” (2Ts 2:12), o
“oikoumenê”.
At 19:27 nos diz que o
“mundo” [Oikoumenê] adorava a Diana, portanto não está se referindo aos salvos,
porque estes adoram a Deus e não a falsas divindades [1Ts 1:9]. Esse “mundo” se
refere aos “não salvos”, o “oikoumenê”.
Ap 3:10 nos diz que Deus
guardará da hora da provação que há vir sobre todo o “mundo” [Oikoumenê]
aqueles que guardaram a Palavra do Senhor. Portanto, a provação virá sobre o
“mundo”, mas não sobre os salvos. Esse “mundo” não são os salvos, mas os “não
salvos”, o “oikoumenê”.
Ap 12:9 nos diz que foi
derrotado satanás que enganava o “mundo” [Oikoumenê], porém os filhos de Deus
não são enganados (2Co 5:11). Esse “mundo” não se refere aos salvos, mas aos
“não salvos” que são enganados pelo diabo (2Co 4:4), o “oikoumenê”.
Ap 16:14 nos diz que os reis
do “mundo” [Oikoumenê] serão congregados sob a influência do diabo para pelejar
no “grande dia do Deus Todo-Poderoso”. Ora, os filhos de Deus, “os salvos”,
jamais pelejarão contra Deus. Portanto, esses reis e esse mundo só podem ser os
“não salvos”, o “oikoumenê”.
O ecumenismo tem tentado atrair
diversas religiões para que andem de mãos dadas, inclusive os filhos de Deus,
que, muitas vezes, têm se deixado ludibriar por falácias e argumentações filosóficas
que induzem ao erro. Por isso, precisamos ver algumas incoerências do
ecumenismo no que diz respeito a pessoa de Jesus Cristo, já que em cada
religião Ele é apresentado de uma maneira diferente.
Jesus Cristo, para o cristianismo
bíblico é Deus, a segunda pessoa da Trindade, o único e suficiente salvador,
encarnado, morto e ressurreto fisicamente, o único mediador e intercessor junto
com o Espírito Santo entre Deus e os homens. Porém, para a LBV e espiritismo em
geral, não é Deus, nem teve corpo humano; para as Testemunhas de Jeová, não é
Deus, mas apenas o arcanjo Miguel, que foi o primeiro ser criado por Jeová;
para a Maçonaria, apenas um grande mestre, semelhante a Buda, Maomé...; para o
Mormonismo, não é Deus e é irmão de Lúcifer; para a Teosofia, é apenas um
grande mestre; para a Ciência Cristã, é apenas um homem afinado com a
consciência divina; para o Unitarismo, é apenas um homem, e não o Cristo; para
o Budismo, seria um bodhisattva (ser de sabedoria elevada que segue práticas
espíritas) que veio para trazer uma iluminação ao planeta; para o Islamismo, um
profeta que assim como todos os outros foi influenciado por satanás,
excetuando-se Maomé; para o Ateísmo, nunca existiu; para a Wicca, foi apenas um
judeu até o fim da vida, pregador carismático seguido por homens e
principalmente por mulheres, poeta, andarilho, cujo ensino serviu “como
instrumento de justificação para a tortura e a morte de milhares de mulheres”;
para o Comunismo, era um homem cujas prédicas se assemelhavam às prédicas
comunistas; para a Igreja Local, era a encarnação de um homem corrompido por
satanás e arruinado; para o judaísmo, seria um farsante que tentou se passar pelo
Messias, não sendo nada além de um falso profeta; para a Seicho-No-Ie, não era
Deus e não veio em carne; para a Ufologia, seria um alienígena que voltará em
uma nave espacial; para o Yehoshuelismo, seria um deus-cavalo, uma falsa
divindade.
Enfim, cada segmento religioso
procura apresentar Jesus de uma forma diferente, e cada um procura negar a vida
e obra do Senhor segundo o real contexto Testamentário. Contudo, todos buscam
usar a pessoa de Jesus em nome de uma suposta unidade antibíblica e
antagonicamente amistosa.
Então fazemos duas perguntas: 1) Quem
é Jesus Cristo para as mais diversas religiões?; 2) Será que o ecumenismo é um
caminho viável, coerente e bíblico?
Encontramos duas respostas:
1) Quem é Jesus Cristo para as mais
diversas religiões?
Para as mais diversas religiões,
Jesus Cristo é apenas uma desculpa para atingir os seus próprios propósitos. É
alguém que deve se adequar as suas supostas necessidades. É o “comprimido” para
a dor de cabeça das religiões.
2) Será que o ecumenismo é um
caminho viável, coerente e bíblico?
Com a mais absoluta certeza NÃO!!!
Em primeiro lugar, não é um sistema
ecumênico, religioso, social, político ou econômico que resolverá a situação da
alma humana, mas sim é uma pessoa, e esta pessoa se chama Jesus Cristo!
Em segundo lugar, segundo a própria
teologia das religiões, o ecumenismo é algo insustentável e incoerente.
Em terceiro lugar, a Bíblia adverte
que não pode haver comunhão entre a luz e as trevas (2Co 6:14), ou seja, entre
o Huios, salvos, e o
Oikoumenê, não salvos.
Então, ao se falar em ecumenismo,
diálogo inter-religioso ou em coexistência, é preciso compreender que coexistência
é existir ao mesmo tempo, e não aceitar os erros ao mesmo tempo e em nosso
tempo. Isso é diferente de se acomodar e aceitar passivamente os erros,
aberrações, distorções, enganos e heresias. Portanto, entender a diferença é
diferente de aceitar os erros gerados pela diferença.
Por último, boa intenção não é
suficiente para trazer salvação, pois salvação só será trazida através do reconhecimento
irrestrito da obra sacrificial realizada por Jesus Cristo, há aproximadamente
dois mil anos atrás, ou seja, pela Graça.
____________________________
Referências do Novo Testamento em que o termo “mundo” aparece
1. Oikoumenê (Mt 24:14; Lc 2:1, 4:5, 21:26; At 11:28,
17:6,31, 19:27, 24:5; Rm 10:18; Hb 1:6, 2:5; Ap 3:10, 12:9, 16:14);
2. Kosmos (Mt 4:8, 5:14, 13:35, 13:38, 16:26, 18:7,
24:21, 25:34, 26:13; Mc 8:36, 14:9, 16:15; Lc 9:25, 11:50, 12:30; Jo 1:9,10,29,
3:16,17,19, 4:42, 6:14,33,51, 7:4,7, 8:12,23,26, 9:5,39,10:36, 11:9,27,
12:19,25, 12:31,46,47, 13:1, 14:17,19,22,27,30,31, 15:18,19,
16:8,11,20,21,28,33, 17:5,6,9,11-16,18,21,23-25, 18:20,36,37, 21:25; At 17:24;
Rm 1:8,20, 3:6,19, 4:13, 5:12,13, 11:12,15; 1Co 1:20,21,27,28, 2:12, 3:19,22,
4:9,13, 5:10, 6:2, 7:31,33,34, 8:4, 11:32, 14:10; 2Co 1:12, 5:19, 7:10; Gl 4:3,
6:14; Ef 1:4, 2:2,12; Fp 2:15; Cl 1:6, 2:8,20; 1Tm 1:15, 3:16, 6:7; Hb 4:3,
9:26, 10:5, 11:7,38; Tg 1:27, 2:5, 3:6, 4:4; 1Pe 1:4, 2:5,20, 3:6; 1Jo
2:2,15-17, 3:1,13,17, 4:1,3-5,9,14,17, 5:4,5,19; 2Jo 7; Ap 11:15, 13:8, 17:8);
3. Aiôn
(Mt 6:13, 12:32, 13:22, 13:39, 13:40,49, 21:19, 24:3, 28:20; Mc 3:29, 4:19,
10:30, 11:14; Lc 1:33,55, 1:70, 16:8, 18:30, 20:34, 20:35; Jo 4:14, 6:51,58,
8:35,51,52, 9:32, 10:28, 11:26, 12:34, 13:8, 14:16; At 3:21, 15:18; Rm 1:25,
9:5, 11:36, 12:2, 16:27; 1Co 1:20, 2:6,7, 8, 3:18, 8:13, 10:11; 2Co 4:4, 9:9,
11:31; Gl 1:4,5; Ef 1:21, 2:2,7, 3:9,11,21, 6:12; Fp 4:20; Cl 1:26; 1Tm 1:1,
6:17; 2Tm 4:10,18; Tt 2:12; Hb 1:2,8, 5:6, 6:5,20, 7:17,21,24,28, 9:26, 11:3,
13:8,21; 1Pe 1:23,25, 4:11, 5:11; 2Pe 2:17, 3:18; 1Jo 2:17, 2Jo 2; Jd 13,25; Ap
1:6,18, 4:9,10, 5:13,14, 7:12, 10:6, 11:15, 14:11, 15:7, 19:3, 20:10, 22:5).
[1]
PAOLOZZI, Vitor. Religiões brotam e
morrem aos milhares. Disponível em:
<http://groups.yahoo.com/group/Genismo/message/4018>. Acesso em: 06 Nov
2009.
[2]
WIKIPÉDIA. Ecumenismo. Disponível
em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecumenismo>. Acesso em: 06 Nov 2009.
[3]
GINGRICH, F. W. ; DANKER, F. W. Léxico
do Novo Testamento Grego Português. São Paulo: Edições Vida Nova, 1984.
Pr. Robson T. Fernandes