quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

OS ENSINOS DE MIKE MURDOCK



Uma análise Bíblica, teológica e documental dos ensinos de Mike Murdock

Pr. Robson T. Fernandes

“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios”
1 Timóteo 4:1

INTRODUÇÃO

O meio evangélico no qual nos encontramos hoje tem se tronado cada vez mais complicado, especialmente pela quantidade, cada vez mais crescente, de televangelistas que utilizam os meios de comunicação para exercer influência em benefício próprio, distorcendo a mensagem do Evangelho de Cristo e arrebanhando um número cada vez maior de seguidores. Se por um lado a mídia deveria ser utilizada como um instrumento benéfico de propagação do Evangelho, infelizmente, pelas exigências que são feitas e a que se submentem tais televangelistas, é que Robert McAlister[1] afirmou que a “televisão cria monstros”. O seu filho, Walter McAlister, fez a seguinte declaração:
Meu pai fez um programa de televisão durante um tempo. Ele me disse: “Televisão cria monstros”. Eu vi o quanto ele lutava contra a vaidade gerada pelo fato de ser conhecido na rua. Ele mesmo me confessou como a vaidade era um problema para ele, por causa de sua fama. Televisão evangélica apenas cria celebridades, não avança a causa de Cristo. Por quê? Porque não se assiste a televisão para ouvir a verdade. É como levar a mensagem do Evangelho para o circo e pregar entre o show dos macacos amestrados e o dos palhaços. Pessoas não vão ao circo para ouvir o Evangelho, e sim para se divertir com os macacos, os palhaços, os acrobatas. Então, de repente, o Evangelho se insere num contexto completamente contrário àquele que tem a estrutura necessária para transmiti-lo. E o que acontece? Leva-se a Arca para fora do Santo dos Santos, para o campo de batalha. No popular: a Igreja vira circo. Com isso, a Igreja perde a batalha, pois, em vez de se concentrar naquilo que é sagrado, construir comunidade, ensinar a verdade e formar bons discípulos, está numa guerra voltada para determinar quem grita mais alto no meio do circo chamado “televisão”. (MCALISTER, 2009, p.40)[2]
Os falsos ensinos são sedutores e atrativos, exatamente porque contêm uma mensagem que vai de encontro às necessidades materiais e ilusórias que o mundo impõe à sociedade. Temos nos tornado cada vez mais hedonistas[3], e isso é uma característica marcante de uma sociedade que está morrendo. Mas infelizmente, essas distorções que têm penetrado na igreja cada vez mais, são apenas o resultado daquilo que a própria Escritura já alertava:
“O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Oséias 4:6)

“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mateus 22:29)
Mais ainda, a profecia bíblica já nos alertava sobre a existência de tais problemas e dos falsos profetas dentro da igreja. O problema é que muitas pessoas entendem o texto bíblico e até O aceitam como verdadeiro e inspirado, porém, não conseguem discernir os tempos e nem aplicá-Lo no dia a dia em suas vidas. Com isso, se por um lado aceitam a verdade da Sagrada Escritura, por outro não conseguem entender que esta verdade está se cumprindo em nossos dias e diante de nossos narizes. Muitas pessoas concordam com o fato de que os falsos profetas são uma realidade, mas não conseguem identificar quem são, e nem aceitam o fato de que estão seguindo, admirando e até contribuindo com esses falsos profetas.

O apóstolo Paulo, há aproximadamente dois mil anos atrás, já alertava o amado pastor Timóteo para que este instruísse os irmãos sobre essa realidade e seus perigos para a vida cristã:
Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.

Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade.
E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles.
Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, - que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor.
Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.
Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. (2Timóteo 3)
Por outro lado, precisamos entender que muitas pessoas têm sido enganadas por inexperiência ou por uma orientação distorcida de seu líder. Esse é o caso dos neófitos (novos convertidos). Hank Hanegraaff explica da seguinte maneira[4]:
Tenho encontrado pessoalmente diversas pessoas queridas que se enquadram nessa categoria. Não questiono sua fé nem sua devoção a Cristo. Eles integram aquele segmento do Movimento da Fé que, por alguma razão, não compreenderam nem internalizaram os ensinamentos heréticos apresentados pela liderança de seus respectivos grupos. Em muitas instâncias, são novos convertidos ao cristianismo que ainda não se firmaram bem na fé. Mas nem sempre é esse o caso (HANEGRAAFF, 1996, p.43)
Em todo esse contexto diversos nomes têm surgido e se destacado, a exemplo de Mike Murdock. Mas, quem é Mike Murdock?

QUEM É MIKE MURDOCK?


Michael Dean Murdock nasceu em Lake Charles, no dia 18 de abril de 1946, em um lar evangélico, sendo filho de pastor e também pastor há mais de 35 anos. É conferencista internacional e fundador do “Centro da Sabedoria”, tem um programa semanal na TV, chamado “Chaves de Sabedoria com Mike Murdock”, transmitido diariamente em uma emissora de rádio. É também compositor, e autor de mais de 200 livros, tendo vários deles já traduzidos para o português. Foi casado com Linda Murdock, divorciando-se em 1979.

É conhecido popularmente como Mike Murdock e tem se destacado como um dos divulgadores da Teologia da Prosperidade e Confissão Positiva.
[...] Murdock foi educado na LaGrange High School em Lake Charles, e em Southwestern Assemblies of God University em Waxahachie, por três semestres. Ele recebeu um título de doutor honoris causa pelo International Seminary na Flórida. Mentorado sob Jimmy Swaggart, Murdock prega ao redor do mundo. Ele freqüentemente prega com Benny Hinn, e há algum tempo pregava com Tammy Faye Messner. Ele também apresenta o Wisdom Keys with Mike Murdock (Chaves da Sabedoria com Mike Murdock), um programa televisivo [...]

Murdock pregou seu primeiro sermão público na idade de oito anos e começou o evangelismo de tempo integral na idade de 19. Murdock recebeu centenas de convites para falar em igrejas, colégios, e em sociedades comerciais. Ele tem aparecido na TBN, CBN, BET, INSP, WORD, Daystar e outras redes de televisão, e em seu programa de televisão semanal, Wisdom Keys with Mike Murdock. Murdock é o fundador-administrador no conselho de administração da International Charismatic Bible Ministries com o Dr. Oral Roberts muito criticado por sua visão material do bem divino pregando que com doações de milhares de dolares se pode alcançar a felicidade. (WIKIPEDIA, 2013, online)[5]

MIKE MURDOCK NO BRASIL E SEUS ENSINOS

Um dos maiores promotores do Mike Murdock no Brasil tem sido Silas Malafaia, que rotineiramente tem trazido ao seu programa “Vitória em Cristo” o pregador da Confissão Positiva, que costuma vender benção em troca de “doações” e ofertas voluntárias.

Esta tem sido chamada de “as novas indulgências” do século XXI. Coisas contra as quais os Reformadores Protestantes lutaram com tanto afinco e esmero nos séculos que precederam e acompanharam a Reforma Protestante, reprovando-as e rejeitando-as à luz da Sagrada Escritura.

Mas, essas mesmas distorções e abusos têm sido cometidos descaradamente e com uma frequência cada vez maior.

Em 2010 Silas Malafaia e Mike Murdock lançaram o CLUBE DE UM MILHÃO DE ALMAS, em que alguém doaria R$1.000,00, e teria a restituição de sete vezes mais do que perdeu, o surgimento de alguém muito rico para abençoar o ofertante e uma doação do livro “As 1001 chaves de sabedoria”[6].

Em 31 de dezembro de 2011 lançaram nova campanha para doações de R$ 1.000,00, em que o doador ganharia: 1) Honra; 2) Uma casa própria quitada; 3) “Manto Financeiro” que lhe garantia que nunca mais na vida passaria necessidade e seria próspero para sempre. Ainda, ganharia quatro livretos do Mike Murdock.

Em 2012 lançaram nova campanha para doações de R$360,00, divididos em 12 parcelas de R$30,00, e também outra simultânea composta por doze parcelas de R$1.000,00. Sempre prometendo bênçãos em valores bilionários, a salvação de toda a família e o recebimento da unção financeira dos últimos tempos.

Em 05 de janeiro de 2013, foi lançada no programa Vitória em Cristo, mais uma Campanha, “Campeões da Fé”, que oferecia grandes bênçãos espirituais e financeiras para as primeiras três mil pessoas que ofertassem R$ 1.000,00. Ainda, “profetizou” que doze empresários contribuiriam com R$ 12.000,00, divididos em 12 vezes. Aqueles que contribuíssem com a Campanha receberiam uma bênção especial: veriam os seus negócios dobrar de tamanho. Nesta campanha, do dia 05 de janeiro de 2013, para piorar a situação, o livro “O Desígnio”, de Murdock, é apresentado como algo “poderoso” e que “não há nada igual no mundo”, “não dá para viver sem ele”, “precisa ser ensinado às crianças e à toda a família”. Esse livro foi, então, colocado acima da Sagrada Escritura e disponibilizado à todo aquele que ofertasse R$ 12.000,00 para a obra de Silas Malafaia.

Em 01 de fevereiro de 2014, Mike Murdock “retorna” ao programa do Silas Malafaia para fazer uma nova campanha. Desta vez, as primeiras palavras do Mike Murdock são: “A coisa mais importante que faço todos os dias, não é orar, não é ler a Bíblia ... o que eu faço de mas importante a cada 24 horas é escrever perguntas. A pergunta é a semente para novas estações e períodos. O teu sucesso vai acontecer na velocidade das tuas perguntas”. Ou seja, mais uma vez a Sagrada Escritura é deixada em último lugar, sendo substituída por qualquer outra coisa, e nesse caso, Ela é substituída pelo desejo do homem e pelo dinheiro depositado em sua conta bancária.


Curiosamente, ao compararmos os programas de TV de 05 de janeiro de 2013 e de 01 de fevereiro de 2014 observamos que todos estavam usando as mesmas roupas, no mesmo cenário e com o mesmo copo d’água. A única coisa que mudou foi a campanha em busca de dinheiro. Em 2013 foi apresentada a Campanha “Campeões da Fé”, com doações de R$1.000,00 e promovendo o livro “O Desígnio”. Em 2014 foi feita a convocação para levantar Parceiros Ministeriais, em busca de doações mensais de R$58,00 e promovendo o livro “31 Razões por que as pessoas não recebem a sua colheita financeira”.

O que isto quer dizer? Quer dizer os programas foram gravados no mesmo dia e apresentados em ocasiões diferentes. Com isso, só podemos concluir que tais campanhas de busca por dinheiro não são outra coisa além de um planejamento estratégico e maligno que distorce a Sagrada Escritura e usa o nome de Deus em nome dessa absurda “corrida do ouro”.

Mais ainda, essas campanhas se parecem muito com a forma de pensar e de agir de Simão o mágico (Atos 8:19-20). Por isso, aqueles que têm o hábito de fazer “campanhas” em que se só se fala em dinheiro em troca de bênçãos espirituais, DEVERIAM aprender com a Bíblia Sagrada:
“O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus” (Atos 8:20)
Mas, ainda surge a questão: Por que R$58,00?

Mike Murdock utiliza uma série de números para as suas campanhas nos Estados Unidos, e um desses números é o 58. No dia 8 de janeiro de 2000, nos EUA, Murdock afirmou: “semeie uma semente de $58 que representa os 58 tipos diferentes de milagres na Bíblia” (Oppenheimer, online)[7]. Ainda, em “seu blog há o registro de uma pessoa que doou $58 a Mike Murdock como ele havia pedido, e manteve um diário para registrar o que aconteceu durante 58 dias” (Idem)[8],[9]. Para Murdock, 58 é um número santificado, pois Deus lhe mostrou 58 bênçãos na Bíblia e 58 milagres diferentes. Por isso, alguém doa $58 e em 58 dias recebe 58 bênçãos.

Antes de continuarmos, é bom salientar que em nenhum momento estamos negando a verdade de que Deus, em Sua soberania, pode desejar escolher alguém para lhe favorecer com bens materiais. Não negamos que Deus pode fazer alguns de seus filhos serem ricos, a exemplo de Jó, Davi e Salomão. O que não podemos, entretanto, é fazer disso uma regra, ou dizer que a riqueza é algo que depende de nossa vontade, atitude ou estratégia. Muito menos, podemos afirmar que a riqueza é a medida da felicidade e que a verdadeira prosperidade bíblica está relacionada com a quantidade de dinheiro que temos. Isso não podemos fazer e nem afirmar. Dessa forma, concordamos com Nicodemus (2012, online)[10], ao afirmar:
A teologia da prosperidade está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos revindicar ou exigir dele [...]

A teologia da prosperidade, à semelhança da teologia da libertação e do movimento de batalha espiritual, identifica um ponto biblicamente correto, abstrai-o do contexto maior das Escrituras e o utiliza como lente para reler toda a revelação, excluindo todas aquelas passagens que não se encaixam. Ao final, o que temos é uma religião tão diferente do Cristianismo bíblico que dificilmente poderia ser considerada como tal. Estou com saudades da época em que falso mestre era aquele que batia no portão da nossa casa para oferecer um exemplar do livro de Mórmon ou da Torre de Vigia... 
Zibordi (2012, online)[11] faz o seguinte comentário sobre Murdock:
A visão desse “homem mais sábio do mundo” sobre o Evangelho é reducionista. Para ser mais claro, ele prega “outro evangelho” (2 Co 11.4), que induz os incautos a acreditarem que a vida cristã se limita a “semear” e “colher” dinheiro, bens e riquezas.

Conquanto Deus abençoe quem contribui para a sua obra, o texto de 2 Coríntios 9 e seu contexto imediato mostram que o ensino de Paulo visava a motivar os cristãos a ofertarem, antes de tudo, movidos por generosidade e alegria, e não por necessidade, como que desejando “colher” mais do que foi “semeado” [...] Murdock não merece crédito, pois torce o princípio da generosidade e estimula os crentes a “semearem” interesseira e egoisticamente. Ele ignora ou despreza o que está escrito em 2 Coríntios 9.10,11: “aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para alimento, também suprirá e aumentará a vossa sementeira, e multiplicará os frutos da vossa justiça; enriquecendo-vos em tudo para toda a generosidade”. 
Murdock afirma ter composto mais de 6000 músicas, a exemplo de “Jesus, Só A Menção de Seu Nome,” “Eu Sou Santificado,” e “Você Pode Fazer Isto”, mas boa parte delas possui uma letra que exalta simplesmente o pode das palavras e a busca pelo dinheiro. Em uma de suas músicas ele zomba daqueles que afirmam contribuir para a obra de Deus sem esperar nada em troca, fazendo apenas por generosidade e amor. Ele diz na canção: “você tolo, eu escrevi uma canção para você ‘como estúpido você é, como estúpido tu és’”.

Todo o “ministério” de Mike Murdock está centralizado na ideia da semeadura, e esta semeadura diz respeito ao dinheiro, utilizando passagens bíblicas em que se fala de semear, para ensinar que você semeia uma quantia em dinheiro no seu ministério e Deus lhe recompensará por isso. Essa, também, tem sido a mesma estratégia de Silas Malafaia. Contudo, ao utilizar passagens como Marcos 4, a parábola do semeador, propositalmente omitem os versículos 13 à 15, quando o próprio Jesus diz:
“Então, lhes perguntou: Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? O semeador SEMEIA A PALAVRA. São estes os da beira do caminho, onde A PALAVRA É SEMEADA; e, enquanto a ouvem, logo vem Satanás e tira A PALAVRA SEMEADA neles”
Então, um homem que se diz tão sábio, na verdade, considerado o mais sábio dos Estados Unidos, deveria atentar para o fato de que a semeadura citada por Jesus é a semeadura da própria Sagrada Escritura.

"Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1Tm 6:10). Então, a questão não é o dinheiro em si, mas o coração do ser humano que se deixa corromper pela sede de poder.

Ainda, o próprio Murdock se contradiz em seus ensinos ao afirmar que “qualquer tolo sabe que eles não podem comprar um milagre”. Mas, é exatamente isso que ele faz e que Silas Malafaia copia, com suas campanhas em troca de bênção.

É impressionante como o mercado gospel é aquecido cada vez mais. Usam o nome de Cristo para vender e lucrar com todo tipo de mercadoria e em todo lugar que se possa imaginar. É refrigerante Jesus, perfume evangélico, saia gospel, loja de roupas evangélicas ..... é tanta coisa que eu só posso me lembrar de 2Pedro 2:3:

"também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita"

Ao falar sobre a relação existente entre o Gnosticismo e a Confissão Positiva, Sousa (2008, online)[12] diz o seguinte:
Os gnósticos pregavam que o mal é a ignorância, porque esta afastaria o Homem de conhecer as dádivas colocadas à sua disposição pelas leis metafísicas do Universo. Da mesma forma, Mike Murdock, com sua obra A Lei do Reconhecimento, vem dizer, entre outras heresias, que a ignorância é a causa da pobreza, doença e fracasso. Infelizmente, esse homem, com seu livro repleto de ensinos materialistas e influenciado pela Confissão Positiva, vem sendo considerado "o mais sábio dos Estados Unidos". Devo me sentir, então, um tolo, por achar que o livro dele é ruim, e que não passa de um imitador do Gnosticismo, que usa versículos bíblicos e linguagem evangélica para vender seu produto, seu evangelho da riqueza? 
Portanto, diante de tudo o que foi exposto, concordamos com o Pr. Renato Vargens, que apresentou sete razões para rejeitarmos os ensinos de Mike Murdock (VARGENS, 2010, online)[13]:
1º - A prosperidade financeira pode ser uma benção na vida de um cristão, mas que isso não é uma regra. Deus não tem nenhum compromisso de enriquecer os seus filhos. (Fp 4.10-12); 

2º - A prosperidade financeira do cristão se dá mediante o trabalho e não através de barganhas religiosas;
3º - Do ponto de vista bíblico as bênçãos de Deus jamais poderão ser compradas. Tudo que temos e possuímos vem pela graça de Deus; 

4º - Para nós protestantes as Escrituras Sagradas prevalecem sobre quaisquer visões, sonhos ou revelações que possam surgir ou aparecer (Mc 13.31); 

5º - Para nós protestantes todas as doutrinas, concepções ideológicas, idéias, projetos ou ministérios devem passar pelo crivo da Palavra de Deus, levando-se em conta sua total revelação em Cristo e no Novo Testamento (Hb 1.1-2); 

6º - Para nós protestantes a Bíblia é a Palavra de Deus e que contém TODA a revelação que Deus julgou necessária para todos os povos, em todos os tempos, não necessitando de revelações posteriores, sejam essas revelações trazidas por anjos, profetas ou quaisquer outras pessoas (2 Tm 3.16); 

7º - O cristão é peregrino nesta terra e, portanto, não tem por ambição conquistar as riquezas desta terra.  “A pátria do cristão está nos céus, de onde aguardamos a vinda do nosso salvador, Jesus Cristo” (1 Pe 2.11).
Devemos ter em mente, em todo tempo, as instruções da Sagrada Escritura para nossas vidas, e em especial, nesse caso, para a sáude espiritual da igreja de Jesus cristo:
Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.  (1 Timóteo 6:3-11)
Por último, devemos nos lembrar da forma de viver e de agira de Jesus Cristo. Com os simples de coração, com o povo que lhe seguia e com aqueles que buscavam do SENHOR em sinceridade, Jesus lhes tratava com paciência, graça, bondade e benevolência, mas com aqueles que distorciam a Escritura, manipulavam o povo e usavam a obra de Deus em benefício próprio, criando suas próprias regras, Jesus tratava assim: hipócrita (Mt 6:2), raposa (Lc 13:32), falso profeta (Mt 7:15), falso cristo (Mt 24:24), mentiroso (Jo 8:44), filho do diabo (Jo 8:44), mercenário (Jo 10:13), sepulcro caiado (Mt 23:27), desgraçado, miserável, pobre, cego e nu (Ap 3:17), serpentes, raça de víboras, condenados (Mt 23:33), filho do maligno (Mt 13:38), assassino de profeta (Mt 23:31).






[1] Robert McAlister foi o fundador da Igreja Pentecostal de Nova Vida e o pioneiro a transmitir o Evangelho pela televisão brasileira, com o programa “Coisas da Vida”, na TV Tupi. Posteriormente, desistiu de fazer uso da TV como meio de “evangelização”.

[2] MCALISTER, Walter. O Fim de Uma Era. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2009.

[3] Hedonismo é uma doutrina filosófico-moral (pensamento) que afirma que o prazer é o bem supremo da vida humana.

[4] HANEGRAAFF, Hank. Cristianismo em Crise. CPAD, 1996.

[5] Mike Murdock. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mike_Murdock>. Acesso em: 05 fev 2014.

[6] Clube de 1 milhão de almas?. Disponível em: <http://www.vitoriaemcristo.org/_gutenweb/_site/hotsite/clube1M/>. Acesso em: 05 fev 2014.

[7] OPPENHEIMER, Mike. The Magnanimous Money Message of Mike Murdock. Disponível em: <http://www.letusreason.org/Popteac19.htm>. Acesso em: 05 fev 2014.

[8] Idem.

[9] A Christian blogger donates 58 dollars to Mike Murdock and keeps a journal for 58 days to see what happens. Disponível em: <http://murdockseedfaith.blogspot.com.br/>. Acesso em: 05 fev 2014.

[10] LOPES, Augustus Nicodemus. Afinal, o que está errado com a teologia da prosperidade?. Disponível em: <http://tempora-mores.blogspot.com.br/2012/06/afinal-o-que-esta-errado-com-teologia.html>. Acesso em: 05 fev 2014.

[11] ZIBORDI, Ciro Sanches. Por que Mike Murdock falsifica a Palavra de Deus?. Disponível em: <http://cirozibordi.blogspot.com.br/2012/01/por-que-mike-murdock-falsifica-palavra.html>. Acesso em: 05 fev 2014.

[12] Sousa, Alex Esteves da Rocha. O gnosticismo presente em nossas igrejas! Disponível em: <http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/o-gnosticismo-presente-em-nossas-igrejas>. Acesso em: 05 fev 2014.

[13] VARGENS, Renato. 07 Razões porque devo rejeitar o ensino das sementes de Mike Murdock e Silas Malafaia. Disponível em: <http://renatovargens.blogspot.com.br/2010/04/07-razoes-porque-devo-rejeitar-o-ensino.html>. Acesso em: 05 fev 2014.


Pr. Robson T. Fernandes