sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Valnice Milhomens: A "apóstola" judaizante (Parte 4)


Uma abordagem sobre os ensinos e crenças de Valnice Milhomens
(PARTE 4)

No dia 15 de junho de 2008 Valnice Milhomens esteve na cidade de Campina Grande e concedeu uma entrevista ao professor e pesquisador Robson T. Fernandes.
A entrevista está sendo disponibilizada, por perguntas, com os comentários apologéticos.

ENTREVISTA (PERGUNTA 4)

RTF
Nessa paganização trazida por Roma, estaria incluída mudança do sábado para o domingo? 

VM
Este é um assunto muito vasto. Evidentemente, existe uma questão de conveniência. Por exemplo: se eu vou morar, trabalhar, num país islâmico: eles guardam a sexta-feira e o domingo é um dia normal, o sábado é um dia normal, se eu quiser viver nesta sociedade eu vou ter que guardar a sexta-feira, nem que não queira eu vou ter que trabalhar noutro dia. Se você for morar em Israel, o que ocorre? Como todas as igrejas evangélicas que lá chegam, eles não podem trabalhar no sábado, o domingo é um dia normal e todo mundo trabalha. Existe muita disputa teológica aí. Agora, na minha ótica, na minha pesquisa, os dez mandamentos são eternos, fazem parte das tábuas da Aliança escritas pelo dedo de Deus. Jesus considerou o sábado o sétimo dia, Paulo, os apóstolos e todos eles. Mas você vai para o mundo pagão, onde você tem o dia do sol. A igreja usou que Jesus ressuscitou no domingo, se bem que entra também uma influência de Roma aí. O primeiro dia da semana, na realidade, começa ao pôr do sol do nosso sábado, e se a Bíblia diz que Jesus ressurgiu nas primeiras horas, Ele ressuscitou na nossa noite de sábado, claro. Ok, vamos celebrar a Jesus. Tudo bem, mas para mim, sim, a influência de Roma, da cultura romana tem algo muito forte e um peso na mudança do sábado para o primeiro dia da semana.

COMENTÁRIO APOLOGÉTICO 4

Com certeza Roma com suas práticas advindas do paganismo deixou grandes heresias implantadas nas sociedades que a aceitaram na forma do catolicismo. A exemplo disso, podemos estudar sobre a verdadeira origem da adoração a Maria, entre outras dezenas de exemplos que poderiam ser citados.

É bem verdade que muitas disputas teológicas surgem ao tratar desse assunto, bem como é verdade que dependendo da cultura os dias que serão observados mudam.

Nesse aspecto podemos concordar com a Sra. Valnice Milhomens, entretanto, várias distorções foram apresentadas pela referida Sra., como veremos adiante.

A Sra. Valnice afirma que:
“os dez mandamentos são eternos”
Ora, a Bíblia nos diz que o Novo Testamento nos foi dado em lugar do Velho e que por isso somos participantes de uma melhor aliança. A lei foi retirada, porém, temos outra Aliança com Deus. Uma melhor Aliança.

“Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar” (Hb 8:13)

Alguns textos bíblicos nos esclarecem o assunto, ao ensinarem que a Lei não está mais vigorando. Podemos ver os textos de Hebreus 7-10, Hebreus 9:18-20, Êxodo 24:3-8, Êxodo 20:3-17, Hebreus 9:1-4, Êxodo 34:27,28, Deuteronômio 4:13; 5:2,22; 9:9,11, 2 Coríntios 3:6-11, Gálatas 3-10, Romanos 7:1-7, Efésios 2:11-18 e Colossenses 2:13-17.

O Escrito de dívidas que era contra nós e que constava de ordenanças era a Lei. E esta foi removida por Cristo!

Quando a Bíblia se refere a Lei, isto inclui TODA a Lei, inclusive os Dez Mandamentos. É preciso entender que se desejamos seguir a Lei, teremos que segui-la por completo, inclusive no que diz respeito ao sacrifício de animais. Se desejarmos fazer assim estaremos decaindo da Graça, segundo o texto bíblico de Gálatas 5:2-4.

Então, se os Dez mandamentos foram removidos isto significa que vivemos sem um padrão a seguir, desgarrados em nossos próprios caminhos, sem um padrão ou modelo? Isto significa, então, que hoje podemos matar, roubar, mentir, cobiçar, adulterar, fazer imagens de escultura, adorar outros deuses...?
Não! Temos um padrão a seguir. O Cristianismo não é uma religião – se assim desejar chamar – sem regras. Não! Existem regras, e regras bem definidas, e estas estão bastante claras e bem estabelecidas no Novo Testamento.

O texto de Hb 10:9-10 nos diz que Jesus removeu o primeiro Testamento para estabelecer o segundo Testamento. Vejamos, ainda, Hb 8:6-9; 7:22; 2 Co 3:6.

Existem mandamentos no Novo Testamento, e são estes que Deus deseja que sigamos.

A Igreja, no Novo Testamento, não anda sem direção e sem regras.

Precisamos entender que dos 10 Mandamentos, citados no Antigo Testamento, 9 (nove) são repetidos no Novo, exceto a guarda do sábado. Vejamos:

01. Não adorar outro deus (1 Co 8:4; At 14:15)
02. Não fazer imagens (Gl 5:19-21; Rm 1:22,23)
03. Não usar o nome de Deus em vão (Tg 5:12)
04. Guardar o sábado (Este mandamento não é apresentado no Novo Testamento)
05. Honrar os pais (Ef 6:2,3)
06. Não assassinar (Rm 13:8-10)
07. Não adulterar (Rm 13:8-10; 1 Co 6:9,10)
08. Não furtar (Rm 13:8-10; Ef 4:28)
09. Não dar falso testemunho (Ap 21:8; 22:15)
10. Não cobiçar (Rm 13:8-10; Ef 5:8)

Precisamos entender que a Lei foi entregue para a nação de Israel (Dt 4:1,7-13,44,45, 5:1,6,15; Êx 31:13,16,17,34:27,28; 1 Reis 8:9,21).

Entendemos que assim como não se faz necessário sacrificar carneiros para a remissão de pecados, construir arcas etc., na atualidade, também não precisamos guardar a Lei.

Práticas veterotestamentárias como circuncisão (Gn 17:9,10), dias santificados e festas do Antigo Testamento (Êx 12:14; Lv 23:21,31, 41), sacrifício animal (Êx 29:42; 30:10), incenso (Êx 30:8), guarda do sábado (Êx 31:13-17) e serviço sacerdotal no tabernáculo (Êx 40:15; Nm 18:23) foram removidos, porque a Lei já cumpriu a sua finalidade.

Várias passagens bíblicas nos falam acerca dessa mudança. Vejamos:

- Hb 7-10: Se muda o sacerdote também muda-se a lei;

- Jr 31:31-34: Uma Nova Aliança apareceria;

- 2 Co 3:6-11: A Velha Aliança era para a morte. A Nova Aliança é para a vida;

- Gl 3-5: A Lei era uma maldição para o homem, mas a Graça removeu esta maldição;

- 1Co 9:20,21, Mt 8:9, Rm 3:19: Estamos livres da maldição da Lei e da própria Lei;

- Rm 7: 1-6: A Lei trouxe condenação, mas a Graça trouxe a vida;

- Ef 2:12-16: Jesus cumpriu a Lei em nosso lugar;

- Cl 2:13-17: Cristo removeu o escrito de dívida que era contra nós, isto é, a Lei.

Ainda, a Sra. Valnice afirma que:
“Mas você vai para o mundo pagão, onde você tem o dia do sol”
Em outras ocasiões a Sra. Valnice afirmou que a adoção do domingo é uma espécie de paganismo, já que o termo “domingo” em inglês, Sunday, significa “dia do sol”.

Esta argumentação da Sra. Valnice é a mesma utilizada por alguns membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, por alguns judaizantes etc.

A exemplo da IASD (Igreja Adventista do Sétimo Dia) que usa um folheto chamado: “Por que se guarda o domingo?” a Sra. Valnice segue os mesmos princípios, desconsiderando fatos básicos sobre o assunto. 

O dicionário Webster’s diz a respeito do domingo:
“chama-se assim (dia do sol) porque era antigamente dedicado ao sol ou ao seu culto”.
Tanto um como o outro afirma que domingo em inglês é o dia dedicado ao falso deus sol, pois domingo em inglês é sunday (dia do sol), portanto uma espécie de paganismo imposta por Roma. Todavia, se formos seguir essa mesma linha de raciocínio concluiremos que o sábado também é um dia pagão, pois sábado em inglês é saturday (dia de saturno). Saturno, na mitologia grego-romana, era o deus grego das orgias sexuais (prostituição).

É uma argumentação pobre e desprovida de solidez bíblica.

A Sra. Valnice continua, ao afirmar:
“A igreja usou que Jesus ressuscitou no domingo, se bem que entra também uma influência de Roma aí. O primeiro dia da semana, na realidade, começa ao pôr do sol do nosso sábado, e se a Bíblia diz que Jesus ressurgiu nas primeiras horas, Ele ressuscitou na nossa noite de sábado, claro.”
A referida senhora faz, agora, uma verdadeira mistura com o nosso calendário e o calendário judaico. Uma hora usa o calendário judaico, mas quando lhe é conveniente adapta para o nosso.

É preciso pararmos um pouco e entendermos:

1. Deus, na Bíblia, usa o nosso calendário (solar) ou o judaico (lunar)?

2. Deus, na Bíblia, segue em Sua cronologia o modelo estabelecido no Édem com a contagem dos dias no modelo judaico ou Ocidental?

Ora, para o judeu o novo dia começa com o por do sol. Para nós, o novo dia começa a partir de meia-noite. Sendo assim, o calendário utilizado pela Bíblia não é o nosso (solar), mas o judaico (lunar) e os dias são contados da forma como também o eram no Édem. Portanto, Deus não mandou, no ANTIGO TESTAMENTO, que se guardasse o sábado seguindo o nosso calendário, mas o calendário bíblico. Assim sendo, torna-se uma incoerência e uma argumentação infantil utilizar o nosso calendário para se defender que Jesus ressuscitou em um sábado. Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana (Mc 16:9), quer queira aceitar ou não. E até onde se sabe o primeiro dia da semana é o domingo e não o sábado. A não ser que queiram mudar isso também. Particularmente não conhecemos nenhuma sociedade na qual o sábado seja o primeiro dia da semana.

“E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios” (Mc 16:9)

É importante observarmos o destaque neotestamentário acerca do primeiro dia da semana, o domingo.

“Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap 1:10)

O primeiro dia da semana, domingo, passa a ser chamado de dia do Senhor porque neste dia o Senhor ressuscitou. Portanto, João foi arrebatado ao céu em um domingo, e não em um sábado.

Já no início da Igreja, a igreja primitiva, os novos cristãos decidiram espontaneamente dedicar o domingo para o Senhor. Isso não foi uma imposição de Roma e muito menos do catolicismo, já que o catolicismo nem existia nesse período de tempo, vindo a surgir três séculos mais tarde através do imperador Constantino.

A Igreja primitiva celebrava a Ceia do Senhor, recolhia as ofertas e realizava seus serviços aos domingos (At 20:7; 1Co 10:1,2).

É imprescindível que percebamos que a realização de tais coisas não faz o domingo um dia maior que os demais, entretanto, os cristãos primitivos decidiram agir dessa forma porque foi naquele dia que o Senhor ressuscitou, e por isso passou a ser um dia lembrado na adoração ao Senhor Jesus Cristo.

Para o judeu, o sábado é importante porque Deus mandou que ISRAEL guardasse tal dia, pois no sétimo dia Deus descansou e este seria uma lembrança da libertação do Egito (Dt 5:15).

Para o cristão, o domingo é importante porque nesse dia algo maior que o sábado aconteceu: JESUS RESSUSCITOU!

“Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor” (Mt 12:8)

“tenhamos em conta o primeiro dia da semana, para comemorarmos a maravilha incomparavelmente superior à criação do Universo, a maravilha da ressurreição de Cristo, a qual nos justifica para com Deus (Rm 4.25). É evidente que o Deus que “descansou” com a conclusão da criação do Universo, “descansa” muito mais com o milagre que nos justifica para consigo... Porém, não nos sobrecarreguemos de regrinhas, transformando o domingo numa espécie de sábado. Lembremos que o Novo Testamento não manda guardar dia algum. O primeiro dia da semana tornou-se conhecido entre os cristãos pelo nome de “dia do Senhor”, porque os cristãos o observavam, e não por determinação divina. Lembremo-nos que temos algo incomparavelmente superior ao descanso semanal, a saber, o descanso espiritual (do qual o sábado semanal era uma sombra, Cl. 2.16-17) nos braços eternos e onipotentes de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Mt 11.28). Este é o verdadeiro sábado e é ininterrupto. (Pr. Joel Santana. Adaptado do livro “Igreja” Adventista: Que Seita é Essa?)

Por último, a Sra. Valnice Milhomens argumenta que:
“para mim, sim, a influência de Roma, da cultura romana tem algo muito forte e um peso na mudança do sábado para o primeiro dia da semana.”
Ora, necessariamente isso pode não ser verdade. Porque a própria Sra. Valnice afirma que existem sociedades que guardam outros dias, a exemplo da sociedade muçulmana que não tem nenhuma associação com o catolicismo romano, e não “mudou” o sábado para o primeiro dia da semana, já que guardam a sexta-feira, o sexto dia da semana.

O texto bíblico de Ezequiel 20:10-12 nos diz que Deus deu o sábado para Israel, e este simbolizava uma aliança entre Ele e seu povo (Israel). Ainda, em Deuteronômio 5:15, Neemias 9:13,14 e Êxodo 31:13-17 está escrito que o sábado foi dado para comemorar a libertação do Egito, ou seja, para Israel e não para a Igreja.

“Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.”

Gálatas 4:9-11




Pr. Robson T. Fernandes

CONTINUA...