Uma reflexão sobre a aplicação psicológica do “SENSUS PLENIOR” teológico
Robson T. Fernandes
Estava meditando sobre o debate teológico do Sensus Plenior, que é a ideia de que o autor do texto bíblico tinha o entendimento do significado completo de sua escrita, mas que há a possibilidade de uma passagem do Antigo Testamento ter mais de um significado e que era conscientemente entendido pelo autor. Ou seja, utilizam esse pensamento para afirmar que existe um sentido oculto no texto, por trás das letras, e que só alguns “iluminados” é que têm acesso a essa revelação.
A Igreja Católica criou isso no século XX para afirmar que, já que seu magistério é supostamente inspirado, ela é quem tem a autoridade para dar o verdadeiro sentido ao texto bíblico.
Alguns neopentecostais utilizam essa ideia, mesmo sem saber do que se trata, para afirmar a mesma coisa.
Porém, ampliando a ideia de Sensus Plenior, me peguei a pensar que talvez exista, na cabeça de algumas pessoas, aquilo que eu passei a chamar de Sensus Plenior Psicológico. Vou explicar melhor:
É quando você diz uma coisa com todas as letras e de forma clara, mas ainda assim, o ouvinte insiste em achar que você está dizendo uma outra coisa. É quando alguém para de ouvir o que você diz para tentar adivinhar a sua intenção ao dizer aquilo. Em uma conversa isso é terrível, porque você nunca se faz entender e a pessoa que te ouve sempre desconfia que existe algo por trás. Isso sempre gera desconfiança, insegurança, instabilidade e mais debate.
Arranjaram outro jeito para denominar a adivinhação. Eu chamo isso de Sensus Plenior Psicológico.