Fiquei muito tempo me perguntando o que era que Deus tinha
visto em mim para me dar a salvação. Fazia isso porque achava que existia algo
em mim que pudesse ser digno de receber tamanha bênção, até que finalmente
comecei a entender que fui salvo pela GRAÇA, que quer dizer um “favor sem
merecimento” (Ef 2:8,9). Entendi, primeiramente, que não merecia isso (Rm 3:12).
Depois entendi que a graça é derramada pela fé, aí fiquei pensando que o motivo
de minha salvação era a minha fé. Finalmente eu entendi que a fé é um presente
(Rm 12:3; Ef 2:8,9), assim como a graça. A fé é um dom que é dado por Deus, e
Ele dá o dom segundo seu propósito (Sl 115:3; 1Co 12:7). Então, me perguntei:
por que eu? Finalmente entendi que a questão não era eu. Isso nunca disse
respeito tão somente a mim. Tudo isso está relacionado à Deus (Jo 3:16), à quem
Deus é (1Jo 4:8,16) e o que Ele pode fazer (Jó 42:2). Entendi que se a salvação
é manifestação do amor de Deus, então a questão é o amor de Deus e não o meu.
Se a salvação é algo que diz respeito à fé, precisei entender que a fé também é
um dom de Deus. Se a salvação é algo que diz respeito à Graça, então entendi
que a Graça também é um presente de Deus. Fiquei me perguntando sobre a minha
capacidade de entender essas coisas, até que, finalmente, entendi também que a
capacidade de entender algo vem de Deus porque sem Ele não podemos fazer nada (Jo
15:5), e mais, entendi que sem a ação do Espírito Santo o homem natural está
morto (Ef 2:1) e por isso não entende as coisas de Deus (1Co 2:14). Daí, fiquei
pensando sobre a capacidade de um morto entender alguma coisa. Entendi que ele
só poderá responder a algum chamado se estiver vivo, mas como alguém pode dar
vida à si mesmo? (Jo 15:16) Entendi, então, que a revivificação é algo que Deus
faz (Ef 2:1).
Depois de tudo isso, fiquei pensando sobre a minha situação de
pecador, agora vivo, até que entendi que quem foi vivificado foi liberto do
poder da morte e do pecado (Rm 6:17,18; Ap 1:5,6) e agora vive para Cristo (Rm
8:10; Gl 2:20). Isso tudo foi enchendo o meu coração e preenchendo os vazios
que existiam em minha alma. Mas, em um dado momento de todo esse pensamento me
veio a tentação de ficar orgulhoso por ter sido escolhido por Deus, mas aí
pensei mais um pouco e entendi que não tenho razão para ficar orgulhoso porque a
única coisa que fiz em todo esse processo foi simplesmente responder ao chamado
que me foi feito (Rm 8:29,30), diante de uma obra que não foi operada por mim,
e que, portanto, se tornou, por si só, irresistível (2Cr 20:6; Dn 4:35). E mais,
só pude responder a esse chamado porque Ele tornou isso possível (Fp 2:13). Portanto,
a única coisa que me resta é entender que a única coisa que devo e que posso
fazer é viver para a glória Daquele que merece toda a glória (Rm 11:36; Ef
1:3,4; Hb 13:20,21), pois tudo isso se trata de quem Ele é e não de quem eu
sou, pois a iniciativa foi Dele, o trabalho foi Dele e a manutenção de tudo
isso é Dele. Quanto a mim, só resta glorificá-Lo por isso.
Tudo isso mudou minha forma de pensar, de agir e de ver o
mundo.