Análise das
argumentações católicas sobre a suposta virgindade perpétua de Maria
Um dos focos do debate entre evangélicos e católicos diz
respeito à suposta divindade de Maria, bem como às qualidades que são atribuídas
à ela pelo catolicismo, como: Concebida sem pecado, mediadora entre Deus e os
homens, co-redentora, intercessora, advogada, senhora, padroeira, virgem imaculada
e perpétua, mãe de Deus, rainha do Céu e assunta ao céu.
Nessa gama de atribuições entra a questão relacionada a sua
vida conjugal com seu esposo José. Maria teve outros filhos além de Jesus?
Essa questão, aparentemente simples, é para algumas pessoas
uma questão ingênua e sem muitas pretensões. Contudo, não é bem assim.
A questão da suposta virgindade perpétua de Maria é um dos
dogmas principais da Igreja Católica. Isso pode ser demonstrado na Carta
Encíclica Redemptoris Mater[1],
do papa João Paulo II:
Ao mesmo tempo, a
exemplo de Maria, a Igreja permanece a virgem fiel ao próprio Esposo:
"Também ela é virgem, que guarda íntegra e pura a fé jurada ao
Esposo", A Igreja, de facto, é a esposa de Cristo, como resulta das Cartas
paulinas (cf. Ef 5, 21-33; 2 Cor 11, 2) e da maneira como São João a designa: "a
Esposa do Cordeiro" (Apoc 21, 9). Se a Igreja como esposa "guarda a
fé jurada a Cristo", esta fidelidade, embora no ensino do Apóstolo se
tenha tornado imagem do matrimónio (cf. Ef 5, 23-33), possui também o valor de
ser o tipo da total doação a Deus no celibato "por amor do Reino dos
céus", ou seja, da virgindade consagrada a Deus (cf. Mt 19, 11-12; 2 Cor
11, 2). Esta virgindade precisamente, a exemplo da Virgem de Nazaré, é fonte de
uma especial fecundidade espiritual: é fonte da maternidade no Espírito Santo
(VATICANO, 1987).
Em primeiro lugar, quando o apóstolo Paulo usa o termo
“igreja”, não está se referindo às uma instituição, como deseja o catolicismo,
mas sim ao ajuntamento de todas as pessoas salvas ao redor do globo. Pessoas de
todas as nações, tribos, povos e línguas (Ap 7:9).
A igreja para os apóstolos não era uma instituição religiosa.
A igreja para os apóstolos não era uma instituição religiosa.
Em segundo lugar, a denominada virgindade de Maria é
utilizada como alicerce para uma série de dogmas e afirmações. Ainda, é
apresentada como a fonte de exemplo, o modelo, para a igreja.
Portanto, o dogma da perpétua virgindade de Maria tem sido
mantido como meio de manutenção da igreja católica apostólica romana como a
legítima representante de Deus na terra. Por essa razão, tal dogma tem sido tão
difundido e por esse motivo o catolicismo busca, de todas as formas, manter o
ensino de que Jesus não teve irmãos biológicos.
Todo o ensino católico sobre Maria tem repousado na ideia de
que ela não teve outros filhos além de Jesus e que permaneceu virgem para
sempre. Por isso ela seria, supostamente, co-redentora, intercessora, advogada,
senhora, padroeira, mãe de Deus, arrebatada ao Céu e coroada rainha do céu e do
universo.
Ao citar Ambrósio em sua Carta Encíclica Sacra Virginitas[2]
o papa Pio XII afirma:
Santo Ambrósio tinha razão
de afirmar: "Oh, riquezas da virgindade de Maria"! Por causa dessas
riquezas, é da maior importância que, ainda hoje, as religiosas, os religiosos
e os sacerdotes contemplem a virgindade de Maria para observarem com mais
fidelidade e perfeição a castidade do próprio estado (VATICANO, 1954)
A virgindade de Maria, também, tem sido utilizada para se
defender o celibato no catolicismo. Muito poderia ser dito sobre isto, mas como
este não é nosso objetivo no momento ficam apenas as recomendações de três livros
sobre o assunto:
1)
CAWTHORNE, Nigel.
A Vida Sexual dos Papas. São Paulo:
Ediouro, 2002.
2)
LEWIS, Brenda
Ralph. A História secreta dos Papas:
Vício, assassinato e Corrupção no Vaticano. São Paulo: Europa, 2010.
3)
BRUHNS, Annette;
WENSIERSKI, Peter. Os Filhos Secretos de
Deus: Filhas e filhos de padres contam sobre seu destino. Rio de Janeiro:
Nova Era, 2006.
A suposta “riqueza da virgindade de Maria” tem sido
utilizada como meio de justificação de suposta beatificação e santificação no
catolicismo, fazendo com que seus seguidores entendam que o processo de
santificação pode ser executado, medido e sustentado pelos próprios méritos
humanos, até que atinjam a perfeição.
Portanto, admitir que Maria gerou filhos biológicos, após
Jesus Cristo, é o mesmo que destruir tais dogmas, que foram construídos ao
longo dos anos.
O papa João XXIII afirmou em sua Carta Encíclica Aeterna Dei
Sapientia[3]:
Desse misterioso
nascimento do "corpo da Igreja" (Cl 1,18) participou intimamente
Maria, graças à sua virgindade, tornada fecunda por obra do Espírito santo. Com
efeito, s. Leão exalta Maria como "Virgem, serva e mãe do Senhor"; "Genitora
de Deus" e Virgem perpétua" (VATICANO, 1961)
A ideia de uma eterna virgindade de Maria está atrelada ao
dogma de que a igreja só veio a existir graças a participação de Maria e à sua
virgindade. E mais, esta igreja citada por João XXIII não é a igreja no sentido
bíblico do termo, mas a instituição conhecida como Catolicismo.
“à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo
Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome
de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Coríntios 1:2)
A Ekklesia no Novo Testamento possui o significado de
“igreja de Deus” (1Co 1:2), e expressa a ideia de verdadeiro povo de Deus. O
termo possui o sentido de totalidade do povo de Deus, e que apesar de sua
separação geográfica existe uma união espiritual, denominada de Corpo de
Cristo. Portanto, a ideia de igreja (ekklesia) no Novo Testamento não diz
respeito a uma instituição, a exemplo daquilo que pretende a igreja católica, e
também não diz respeito a uma instituição evangélica ou protestante. O sentido do
termo está relacionado com a união de pessoas salvas ao redor do Globo (Ap 7:9).
A essas pessoas o Novo Testamento denomina de “santos”, “eleitos”, “amados” e
“chamados” (Cl 3:12).
Com “santos” denominam-se pessoas que foram separadas da
velha natureza (1Pe 1:15,16). Com “eleitos” denominam-se pessoas que foram
escolhidas antes da fundação do mundo (Ef 1:4). Com “amados” denominam-se
pessoas que formam designadas para um relacionamento pessoal com o Senhor (1Jo
3:2, 4:11). Com “chamados” denominam-se pessoas que foram atraídas de forma
irresistível para desempenhar seu papel e desenvolver a comunhão entre si e com
o Senhor (Hb 9:15).
O dogma da Imaculada Conceição de Maria, proclamado em 1854
pelo Papa Pio IX, é reafirmado na Primeira Parte da Profissão da Fé[4]:
Por uma graça e favor
singular de Deus omnipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo,
Salvador do género humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta
de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição
(VATICANO, s/d)
A ideia de uma preservação de Maria do pecado original
contradiz o que a Bíblia diz sobre a natureza de todo ser humano:
pois todos
pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3:23)
Portanto, assim
como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5:12)
Portanto, aquilo que a Bíblia Sagrada diz é que “todos”
pecaram. E ainda diz mais: “Se dissermos
que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em
nós” (1Jo 1:10).
Por isso, quem diz que Maria ou qualquer outro ser
humano não pecou está dizendo que Deus é mentiroso, e isso ocorre porque a
Palavra de Deus não está naquele que faz tal afirmação.
Ainda, a ideia de uma preservação de Maria do pecado
original contradiz o que a própria Maria falou:
Então, disse
Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus,
MEU SALVADOR (Lc 1:46,47)
Quem é que precisa de um salvador?
Vejamos o que o próprio Jesus Cristo disse:
Tendo Jesus
ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes;
não vim chamar justos, e sim pecadores (Mc 2:17)
A ideia aqui é que aquele que se acha justo, antecipadamente
já descarta a possibilidade de necessitar de um médico, de um salvador. Esse
não foi o caso de Maria, pois ela disse claramente que se alegrava em Deus, que
era o seu Salvador.
O próprio Jesus Cristo disse que “o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido” (Mt 18:11).
Dessa forma, se Maria reconhece a Jesus Cristo como seu Salvador, é porque
reconhece seu estado de natureza pecaminosa e sua necessidade do Salvador.
Ainda, ao citar Ireneu, a Primeira Parte da Profissão da Fé[5]
afirma:
[...] Ela tornou-se
causa de salvação, para si e para todo o género humano". Eis porque não
poucos Padres afirmam, tal como ele, nas suas pregações, que "o nó da
desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a
virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua
fé"; e, por comparação com Eva, chamam Maria a "Mãe dos vivos" e
afirmam muitas vezes: "a morte veio por Eva, a vida veio por Maria
(VATICANO, idem)
A Profissão de Fé do catolicismo nega diretamente aquilo que
a própria Escritura nos diz, pois o que o catolicismo faz é substituir a obra
de Cristo por algo que o catolicismo pensa que Maria fez.
Em primeiro lugar, o catolicismo afirma que “a morte veio
por Eva”, mas o que a Bíblia nos diz é que o pecado e a morte entraram no mundo
por causa de Adão e não por causa de Eva:
Portanto, assim
como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. (Rm 5:12)
Em segundo lugar, o catolicismo afirma que “a vida veio por
Maria”, mas o que a Bíblia nos diz é que a vida veio por Jesus:
Eu sou a porta.
Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. O
ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e
a tenham em abundância. (Jo 10:9,10)
A vida estava
nele e a vida era a luz dos homens (Jo 1:4)
Disse-lhe
Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra,
viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto? (Jo
11:25,26)
Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim (Jo 14:6)
Em terceiro lugar, o catolicismo afirma que “o nó da
desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a
virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua
fé”, mas o que a Bíblia nos diz é que como a culpa do pecado não está sobre Eva
e sim sobre Adão, que resolve o problema do pecado que Adão gerou não é Maria e
sim Jesus. Vejamos:
Entretanto,
reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à
semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de
um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só
homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos. O dom, entretanto, não é
como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só
ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a
justificação. Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito
mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida
por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Pois assim como, por uma só ofensa,
veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato
de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores,
assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. (Rm
5:14-19)
Visto que a
morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.
Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados
em Cristo (1Co 15:21,22)
Portanto, o que o catolicismo faz, tão somente, é tentar
substituir a obra de Cristo por uma suposta obra que afirmam que Maria
praticou. Porém, a única coisa que podemos observar é que em nenhum lugar da
Escritura encontramos respaldo para tais afirmações católicas.
Ainda afirma, no resumo da Primeira Parte da Profissão da Fé[6]:
Na
descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe do seu Filho.
«Cheia de graça», ela é «o mais excelso fruto da Redenção». Desde o primeiro
instante da sua conceição, ela foi totalmente preservada imune da mancha do
pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao longo da vida.
Maria
é verdadeiramente «Mãe de Deus», pois é a Mãe do Filho eterno de Deus feito
homem que, Ele próprio, é Deus.
Maria
permaneceu «Virgem ao conceber o seu Filho, Virgem ao dá-Lo à luz, Virgem
grávida, Virgem fecunda, Virgem perpétua»; com todo o seu ser; ela é a
«serva do Senhor» (Lc 1, 38).
A Virgem Maria «cooperou
livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens». Pronunciou o seu
«fiat» – faça-se – «loco totius humanae naturae – em vez de toda a humanidade»:
pela sua obediência, tornou-se a nova Eva, mãe dos vivos. (VATICANO, idem)
Já comentamos anteriormente sobre a sua suposta “virgindade”,
sua a sua suposta participação na redenção, sobre a sua suposta preservação do
pecado original, sobre ser supostamente a “mãe de Deus”, sobre sua suposta
“cooperação” na salvação dos homens e sobre supostamente ser aquele que resolve
o problema que supostamente Eva gerou, percebemos que tais afirmações não
passam de suposições. Ou melhor, como não encontram fundamentação bíblica, tais
afirmações não passam de distorções, manipulações, engodo e mentiras.
Ainda, a assunção de Maria é definida por Pio XII, mantida
pelo Concílio Vaticano II, e na Carta Encíclica Redemptoris Mater[7],
do papa João Paulo II é reafirmada:
Finalmente, a Virgem
Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o
curso da sua vida terrena, foi assumida à glória celeste em corpo e alma e
exaltada pelo Senhor como Rainha do universo, para que se conformasse mais
plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Apoc 19, 16) e vencedor do
pecado e da morte", Com esta doutrina, Pio XII situava-se na continuidade
da Tradição, que ao longo da história da Igreja teve expressões múltiplas,
tanto no Oriente como no Ocidente (VATICANO, 1987)
Curiosamente, os casos de arrebatamento ao céu são
registrados na Sagrada Escritura (Enoque [Gn 5:24], Elias [2Rs 2:11], Paulo [2Co
12:1-4], João [Ap 4:1,2]), mas em nenhum lugar da Bíblia Sagrada vemos algum
relato de um suposto arrebatamento de Maria ao céu. Na verdade, esse ensino nem
existia na igreja primitiva, e só veio a ser reconhecido oficialmente pelo
catolicismo em 1950, pelo papa Pio XII, o mesmo que prestou grande serviço e
apoio à favor do nazismo e contra o judaísmo durante a 2ª Guerra Mundial[8]
(CORNWELL, 2000).
Além de ser intitulada “Rainha do universo” (observe o “R”
maiúsculo), após o seu suposto arrebatamento (assunção) ela é, também, intitulada
rainha do Céu, pelo mesmo Pio XII, na
Carta Encíclica Ad Caeli Reginam, que faz as seguintes declarações:
Ó Senhora, nossa
língua não te pode louvar dignamente, porque tu, que deste à luz a Cristo nosso
Rei, foste exaltada acima dos serafins... Salve, rainha do mundo, salve, ó Maria,
senhora de todos nós [...] Ó Maria, centro do mundo todo,... Tu és maior que os
querubins de olhar penetrante, e que os serafins de seis asas... O céu e a
terra estão cheios da santidade da tua glória [...] Tornou-se verdadeiramente
senhora de toda a criação, no momento em que se tornou Mãe do Criador [...] De
tantos testemunhos referidos forma-se uma espécie de concerto harmonioso que
exalta a incomparável dignidade real da Mãe de Deus e dos homens, a qual domina
todas as coisas criadas e foi elevada aos reinos celestes, acima dos coros dos
anjos.[9]
Em 1 de novembro de 1950, o mesmo Pio XII, na Constituição
Apostólica Munificentissimus Deus, disse o seguinte:
Depois de elevar a
Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para
glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar
benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do
pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e
alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos
bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos
e definimos ser dogma divinamente revelado que a IMACULADA MÃE DE DEUS E SEMPRE VIRGEM MARIA, TERMINADO O CURSO DA SUA
VIDA TERRENA, FOI ASSUNTA EM CORPO E ALMA À GLÓRIA DO CÉU.[10]
Ainda, na mesma Constituição Apostólica, faz a seguinte
declaração:
[...] a semelhança
entre a divina Mãe e o divino Filho, no que respeita à perfeição e dignidade de
alma e corpo - semelhança que nem sequer nos permite pensar que a RAINHA
CELESTIAL possa estar separada do Rei dos céus - exige absolutamente
que Maria "só deva estar onde está Cristo".[11] (destaque nosso)
Assim, têm-se colocado Maria em pé de igualdade com Deus,
assumindo que a mesma é a Rainha do Céu. Na Carta Encíclica Ad Caeli Reginam
ela é chamada de rainha 44 vezes, e na Constituição Apostólica
Munificentissimus Deus é assim identificada 4 vezes. Então, é chamada de “Rainha dos Anjos e dos Santos, dos
Patriarcas e dos Profetas, dos Apóstolos e dos Mártires, dos Confessores e das
Virgens; por isso a aclama Rainha dos céus e da terra, gloriosa, digníssima
Rainha do universo”[12].
Por outro lado, o Dicionário
Prático de Cultura Católica, Bíblica e Geral apresenta a seguinte definição
para o termo “rainha do céu”: 1. Nome que os idólatras de Canaã davam à
deusa Astarte (Jer 7,18; 44,17-25). Cf. Astarte. 2. Título com que os cristãos
honram N. Senhora[13].
Ou seja, os próprios
estudiosos católicos reconhecem que esta Maria, “rainha do céu”, é a deusa
Cananéia Astarte.
Precisamos, então, observar o que a Sagrada Escritura fala
acerca desta “Rainha do céu”:
Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem
o fogo, e as mulheres amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e
oferecem libações a outros deuses, a fim de me provocarem à ira (Jeremias 7:18)
Esta Maria, ao ser identificada como sendo a “rainha do
céu”, é também identificada pela Escritura Sagrada como sendo uma divindade
cultuada na Assíria e na Babilônia e conhecida como Ishtar. Por isso, cremos
que esta “Maria”, apresentada pelo catolicismo, é uma distorção da verdadeira
Maria bíblica.
O papa João Paulo II afirmou, sobre o Concílio Vaticano II,
que “O Concílio sublinha que a Mãe de Deus já é a realização escatológica da
Igreja: "na Santíssima Virgem ela já atingiu aquela perfeição sem mancha
nem ruga que lhe é própria” (Redemptoris Mater, VATICANO, 1987)
Por tudo isso, esta Maria, idolatrada, cultuada e venerada
no catolicismo não representa a verdadeira Maria bíblica.
CONCLUSÃO
Diante de tudo o que foi exposto não podemos concordar,
aceitar ou acreditar que a Maria apresentada pelo catolicismo romano seja a
mesma que a Bíblia Sagrada apresenta, porque as duas são tão distintas em suas
características que não podem ser a mesma pessoa.
As atribuições dadas à Maria do catolicismo não correspondem
as características da Maria bíblica.
Ainda, toda a doutrina católica está firmemente alicerçada
no ensino da virgindade de Maria. Pelo que foi visto, podemos concluir que para
o catolicismo, é graças a essa suposta virgindade perpétua de Maria que ela foi
feita santa, arrebatada (assunta) ao céu, coroada rainha do céu e do universo e
feita coredentora, mediadora e intercessora. É graças a esta suposta virgindade
perpétua que a denominada “Santa mãe de Deus” se torna exemplo para a igreja
católica, para os clérigos e para os fiéis. Essa é a base da doutrina e dos
dogmas católicos. Esse é o seu coração.
Por isso, afirmar que a Maria bíblica teve outros filhos
biológicos, após Jesus, é o mesmo que atingir o coração do catolicismo, pois
demonstra que esta instituição religiosa (catolicismo) está completamente errada
em seus dogmas e que suas doutrinas não correspondem em nada àquilo que a
Bíblia Sagrada determina. Demonstrar que Maria não foi perpetuamente virgem, e
que teve outros filhos biológicos é o mesmo que demonstrar que a Maria
apresentada pelo catolicismo não é a Maria da Bíblia, e sim outra Maria (Ishtar
/ Astarte). Em ambos os casos, a coluna vertebral do catolicismo (Maria e sua
virgindade perpétua) são atingidos frontalmente.
Então, após termos demonstrado que Maria não é
“perpetuamente virgem”, pretendemos demonstrar que ela teve outros filhos
biológicos. É por essa razão que o debate sobre os filhos biológicos de Maria,
irmãos de sangue de Jesus, tem causado tanta discussão.
Veremos no artigo “Os irmãos biológicos de Jesus”[14]
que a interpretação bíblica deve ser moldada pela análise do texto, através do
correto entendimento do significado das palavras e depois pelo entendimento do
contexto envolvido, seja histórico ou cultural. A isso chamamos de
interpretação histórico-gramatical.
Que Deus lhe abençoe e lhe traga luz à mente para
compreender as Sagradas Escrituras.
Robson T. Fernandes.
[1]
Esta Encíclica foi publicada em 25 de março de 1987. Carta Encíclica Redemptoris Mater. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_25031987_redemptoris-mater_po.html.
Acesso em: 23 out 2013.
[2]
Esta Encíclica foi publicada em 25 de março de 1954. Carta Encíclica Sacra Virginitas. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_25031954_sacra-virginitas_po.html.
Acesso em: 23 out 2013.
[3]
Esta Encíclica foi publicada em 11 de novembro de 1961. Carta Encíclica Aeterna Dei Sapientia. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11111961_aeterna-dei_po.html.
Acesso em: 23 out 2013.
[4]
Primeira Parte da Profissão da Fé.
Disponível em: http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap2_422-682_po.html.
Acesso em: 23 ou 2013.
[5]
Idem.
[6]
Idem.
[7]
Idem.
[8]
CORNWELL, John. O Papa de Hitler: A história
secreta de Pio XII. Rio de Janeiro: Imago, 2000.
[9] Carta Encíclica
Ad Caeli Reginam. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_11101954_ad-caeli-reginam_po.html.
Acesso em 04 jan 2013.
[10] (Pode ser lido no site do Vaticano). Munificentissimus Deus (O mais generoso
Deus). Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus_po.html. Acesso em: 04 jan 2013.
[11] Idem.
[12] “Coroação de
Nossa Senhora de Fátima” – Pio XII. Disponível em: http://www.deuslovult.org/2009/05/21/coroacao-de-nossa-senhora-de-fatima-pio-xii/.
Acesso em 04 jan 2013.
[13] O Dicionário Prático de Cultura Católica, Bíblica e
Geral foi escrito pelo Monsenhor José Alberto L. C. Pinto e pelo Padre Antônio
P. Figueiredo, publicado pela Barsa em 1969.
[14]
Os irmãos biológicos de Jesus. Disponível em: http://caleberobson.blogspot.com.br/2013/10/quem-sao-os-irmaos-biologicos-de-jesus.html. Acesso em: 24 out 2013.