quarta-feira, 9 de outubro de 2013

SENSUS PLENIOR


Uma reflexão sobre o conhecimento do significado do texto bíblico

Pr. Robson T. Fernandes

Já faz um tempo que o debate sobre Sensius Plenior (sentido pleno, ou sentido mais profundo) vem ocorrendo. Gordon Fee chama de 2º sentido e este só pode ser dado pelo próprio Deus, pois Ele é o autor da Bíblia e por isso apenas os autores inspirados o podem fazer como foi o caso de Paulo em Gálatas ao se referir a Sara e Hagar em comparação com a Graça e a Lei.
O Sensus Plenior foi um ensino criado no catolicismo do século XX e não existia do século I ao século XIX. A ideia de Sensus Plenior não afirma tão somente que o autor tinha o entendimento do significado completo de sua escrita, mas que há a possibilidade de uma passagem do Antigo Testamento ter mais de um significado e que era conscientemente entendido pelo autor.

Por isso, a ideia de Sensus Plenior, apesar de defendida por autores evangélicos conceituados, não possui base bíblica, e sua origem é questionável por ter sido desenvolvida com o intuito de conduzir o público ao pensamento de que o magistério católico pode atribuir outro significado a passagem por ser, hipoteticamente, inspirado por Deus, a exemplo da autoalegação do papa que se denomina o sucessor de Pedro, o líder da igreja, e infalível intérprete da Escritura.

Por tudo isso, a ideia de Sensus Plenior, na verdade, é uma tentativa de distorcer o significado do texto bíblico, expresso em sua escrita. A tentativa de se descobrir qual a intenção do autor ao escrever determinado texto, na verdade é uma tentativa de se ignorar o que o texto bíblico realmente diz. Por isso, o Sensus Plenior é apenas um pretexto hermenêutico para se distorcer o significado da Escritura. O Sensus Plneior ignora a história e a gramática do texto para discutir qual a intenção do autor ao escrever tal passagem.

O sentido do texto bíblico é exatamente aquele que é expresso em sua escrita, e que é revelado por meio da ação do Espírito Santo e de uma interpretação histórico-gramatical.

Alguns livros recomendados que tratam do assunto são:

OSBORNE, Grant. A Espiral hermenêutica. São Paulo: Vida Nova, 2009. p. 418-420

VANHOOZER, Kevin. Há um significado nesse texto? São Paulo: Vida, 2005. p.322-325

KAISER, Wlater C.; SILVA, Moisés. Introdução à hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p.198-19 e 237-238

ZUCK, Roy. A interpretação Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994. p.315-321

ANGLADA, Paulo. Introdução à Hermenêutica Reformada. Belém: Knox Publicações, 2006. p.132-136

VIRKLER, Henry A. Hermenêutica avançada. São Paulo: Vida, 2001. p.17-18

FEE, Gordon. Entendes o que lês? São Paulo: Vida Nova, 2008. p.241-244