Robson T. Fernandes
Então, lhe trouxeram algumas
crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém,
vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os
embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. (Mt 10:13,14)
Traziam-lhe também as crianças,
para que as tocasse; e os discípulos, vendo, os repreendiam. Jesus, porém,
chamando-as para junto de si, ordenou: Deixai vir a mim os pequeninos e não os
embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. (Lc 18:15,16)
Entendemos que todo o trabalho feito com crianças, desde que
seja bíblico, deve ser estimulado e propagado, especialmente porque também
entendemos que as crianças de hoje já são parte da igreja hoje. Não podemos
esperar que elas cresçam para só então receber o apoio que necessitam.
A infância é um momento crítico na formação humana, e aquilo
que for feito nesta época da vida pode decidir muita coisa que virá a acontecer
na vida desta quando for um adulto. Por esta razão, o texto de Provérbios 22:6
declara: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for
velho, não se desviará dele”. Um ensino deficiente e um acompanhamento falho durante
a infância resultará em “lacunas” na vida futura.
Sabendo de todas estas coisas, e de muito mais, Jesus ficou
indignado com os discípulos porque foram estes que estavam impedindo as
crianças de chegar até o Senhor. Agora, observe a contradição da ação dos
discípulos, pois um discípulo é justamente a pessoa que foi chamada por Cristo
para trazer as pessoas até Ele, e agora estão fazendo exatamente o oposto. Talvez
na cabeça daqueles discípulos as crianças não tivessem a maturidade suficiente
para ouvir a Cristo, ou talvez estivessem pensando que elas só atrapalhavam a
obra. Observe o tamanho da contradição, pois Cristo queria as crianças e os
seus pais e responsáveis traziam as crianças até Cristo, mas, os discípulos eram
os únicos ali que estavam se sentindo incomodados com a presença das crianças naquele
lugar, ao ponto de repreenderem as pessoas que estavam trazendo as crianças e tentavam
impedir que estas tocassem em Jesus.
Fazendo uma aplicação rápida, nos vem a pergunta: Será que
nós, discípulos de Cristo em pleno século XXI, com nossas ações e conceitos
próprios não temos também feito a mesma coisa? Será que não temos cometido os
mesmos erros? Será que as crianças em nossos ministérios e igrejas não têm sido
tratadas como um incômodo? Será que nós não somos dignos de repreensão por isso
também?
Muito embora seja difícil de reconhecer que sim, em muitos
casos, não tem como enganar o Senhor que sonda os corações. E, no final de
tudo, a nossa atenção para as crianças que chegam até nós e a nossa forma de
tratá-las terminam denunciando o que está em nosso interior. Na verdade, a
criança será a primeira a perceber que tipo de sentimento nós temos por ela.
Lembro-me de algumas cenas na minha infância quando amigos
da nossa família vinham sorridentes para meus pais, mas me tratando como se eu
nem existisse. Mesmo enquanto criança eu já pensava comigo mesmo: essa pessoa
não gosta de mim, mas vem sorrindo para meus pais. Inconscientemente eu passava
a enxergar aquela pessoa como uma rival, e essa distância de relacionamento só
aumentava. Então, fico imaginando se isto também não tem ocorrido em nossas
igrejas, quando nos aproximamos de Jesus sorrindo, mas não damos nem um tipo de
atenção ou carinho às nossas crianças. Que tipo de confusão mental estamos
causando em nossas crianças?
Portanto, não adianta um pastor dizer que gosta de crianças
se a sua atitude não mostra isso. E aqui, não estamos falando simplesmente de
atitude financeira ao investir em um Departamento Infantil, especialmente
porque alguém pode dar todos os seus bens para os pobres e ainda assim não ter
amor, como já disso o apóstolo Paulo em 1Coríntios 13:3. Muito embora
investimento financeiro seja importante, melhorando as salas de aula, adquirindo
material didático melhor e investindo em treinamento de professores, se não
houver amor isso de nada aproveitará. Portanto, estamos falando, além de
investimento financeiro, mais especificamente de um pastor que ame as crianças
da sua igreja, dedicando tempo para elas, conversando com elas, brincando com elas
e ensinando-as a amar a Deus sobre todas as coisas. Ensinando-as a amar a Deus
por meio de seu próprio exemplo de vida.
Mas, por incrível que pareça, parece que afastar as crianças
era um tipo de comportamento frequente entre os discípulos. Parece que eles
insistiam nesse tipo de conduta distorcida, apesar de Jesus repreendê-los sempre.
Isso é visto em Mateus 10:13,14 (Lucas 18:15,16) e posteriormente em Mateus
19:13-15, por exemplo. Parece que nós, apesar das diversas repreensões bíblicas,
insistimos em repetir o mesmo erro daqueles discípulos, ao invés de imitar a Jesus.
Trouxeram-lhe,
então, algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os
discípulos os repreendiam.
Jesus, porém,
disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é
o reino dos céus.
E, tendo-lhes
imposto as mãos, retirou-se dali.
Mt
19:13-15
Até que ponto temos sido um meio para alcançar as crianças
ou um obstáculo para que elas cresçam com Cristo? Será que o procedimento em
alguns círculos não têm afetado nossas crianças e colaborado para o surgimento
e propagação de novas distorções?
Não desejamos estabelecer o que será dito como uma regra,
até mesmo porque não temos conhecimento de nenhum experimento que comprove o
que será dito para se afirmar isso como um fato em geral, uma regra. Mas, com
base em nossa experiência de vida, em nosso empirismo, temos observado que
muitos daqueles que combatem a religião ou que exercem algum tipo de
religiosidade distorcida, ou até mesmo o ateísmo, em algum momento de sua vida
já tiveram uma passagem por alguma igreja, onde sofreram algum tipo de decepção
e que é a razão de algum tipo de frustração, a exemplo de Joseph Smith, Charles
Taze Russell, Friedrich Nietzsche etc.
Daí, podemos perceber que a nossa atitude com uma criança
pode fazer com que esta adquira algum tipo de aversão contra a Igreja e, com
isso, estaremos colaborando com a formação de um futuro inimigo em potencial da
igreja.
Não podemos tratar as crianças que vêm às nossas igrejas
como se estas só viessem a fazer de nossa comunidade em um futuro qualquer. Precisamos
compreender claramente que aquelas que vêm até nós já estão sendo preparadas
para fazer parte da nossa igreja agora. Eles não serão a igreja do futuro, já
são parte da igreja de hoje. Ora, foi o próprio Jesus Cristo que disse “deixai
os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos
céus” (Mt 19:14; Mc 10:14; Lc 18:16).
Se o Reino dos Céus é dos pequeninos, que dirá agora de uma instituição
religiosa?
Por fim, não estamos defendendo com isso que as crianças participem
do culto público em que não compreenderão a linguagem utilizada, tirarão a
atenção dos adultos, não aprenderão nada e causarão certo tumulto na ordem do
culto. Mas, defendemos sim que a igreja as integre no corpo, investindo parte
dos seus recursos nos Departamentos Infantis. Precisamos investir em pessoas
que trabalhem com crianças. Precisamos investir em crianças. Investir dinheiro,
tempo, material, pessoal e amor, muito amor, carinho e atenção. Pois, fazendo
isso, estaremos recebendo o próprio Jesus, o próprio Deus entre nós, em nossas
igrejas.
Trazendo uma
criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, disse-lhes: Qualquer
que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe; e
qualquer que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou.
Mc 9:36,37
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você é livre para expressar a sua opinião, mas ela só será publicada se for expressa com respeito e educação.