quinta-feira, 30 de julho de 2015

O PT ESTÁ "REVOLUCIONANDO" O BRASIL


Uma reflexão sobre o tipo de "revolução" que deseja o PT e o MST, demonstrado em uma palestra realizada na PUC em Goiás

Robson T. Fernandes

Tocqueville diferenciou os três principais tipos de revolução, sendo elas: 1. Revolução Política; 2. Revolução Súbita e Violenta, que tem o intuito de, além de estabelecer um novo sistema político, transformar uma sociedade inteira; 3. Revolução Lenta, que produz profunda transformação social através do passar das gerações.

Antes de prosseguirmos, precisamos assistir a este vídeo, em que o MST (exército particular do PT) apresenta parte de suas intenções na PUC de Goiás:


A Revolução Política também é conhecida como Reforma Política (Reforma Agrária, Reforma Educacional, Reforma Fiscal etc), Mas, essa não é a Revolução proposta pelo MST, especialmente porque eles mesmos já afirmaram que têm "que dar um passo a mais" além dessa reforma e que todas as reformas têm um limite e que eles já chegaram no seu limite para essas reformas. Eles afirmam claramente que não querem "só a reforma política".

Depois, temos a Revolução Lenta, que também não é a proposta pelo MST no vídeo, especialmente porque também afirmaram que querem "uma superação do sistema" e que têm que fazer algo a mais que o governo popular de 12 anos no Brasil não conseguiu fazer. Ou seja, propõem uma Revolução que não é Política, apenas, e nem Lenta. Que tipo de Revolução resta então?

Resta a Revolução Súbita e Violenta.

Agora, vejamos o que os respeitados Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino ensinam em seu conceituado Dicionário de Política, p.27, sobre "revolução":

a revolução é, de per si, inteiramente autoritária, já que pretende obter, pela força, tudo o que a razão, a opinião e o consenso não conseguiram diligenciar[1]

Ainda, na mesma página, os autores explicam que

o conceito de revolução enunciado - derrubamento da autoridade - para instauração da nova condição ideal — coincide com o de rebelião, mantendo, de fato, as características do imediatismo e da impaciência revolucionária. Para ela, os fins devem ser alcançados imediatamente e os objetivos da transformação social são realizáveis no brevíssimo arco da revolução-revolta. Aparece claro o elemento utopístico de tal concepção revolucionária. Nesta concepção, a revolução mais do que efetiva é puramente ideal e, mais do que política, sua natureza manifesta-se mais intelectual e abstrata, imaginável em qualquer momento, sempre pronta a explodir, mas nunca manifestada senão na configuração reduzida da rebelião e da insurreição[2]

Jeff Goodwin, no clássico No Other Way Out: States and Revolutionary Movements dá duas definições de uma revolução. Ele afirma que revolução é:

qualquer e todas as instâncias em que um estado ou um regime político é deposto e, assim, transformado por um movimento social de forma irregular, extraconstitutional e/ou violentos[3]

Depois, completa que:

revoluções implicam não apenas em mobilização de massa e mudança de regime, mas também mais ou menos rápida e fundamentais mudanças sociais, econômicas e culturais, durante ou logo após a luta pelo poder do Estado[4]

Então, falando em revolução, nos moldes propostos pelo MST, dá para citar algum exemplo histórico de revolução, desse tipo, que tenho sido realizada sem a violência?

Prezados leitores, até a Revolução Cultural possui elementos de violência, a exemplo da Revolução Cultural chinesa.

Poderíamos, ainda, falar sobre a Revolução de Saur, Revolução Francesa ou a da própria Revolução Russa descrita em La Tragédie Soviétique, de Martin Malia.

Finalizo recomendando as seguintes leituras:

BOESCHE, Roger. Tocqueville's Road Map: Methodology, Liberalism, Revolution, and Despotism. New York: Lexington Books, 2006.

WILLIAMSON, Kevin D. O Livro Politicamente Incorreto da Esquerda e do Socialismo. Rio de Janeiro: Agir, 2013.

Grande abraço em todos.



[1] BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.

[2]
Idem.

[3]
GOODWIN, Jeff. No Other Way Out: States and Revolutionary Movements. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

[4]
Idem.