Uma reflexão sobre o tipo de "revolução" que deseja o PT e o MST, demonstrado em uma palestra realizada na PUC em Goiás
Robson T. Fernandes
Robson T. Fernandes
Tocqueville diferenciou os três principais tipos de revolução,
sendo elas: 1. Revolução Política; 2. Revolução Súbita e Violenta, que tem o
intuito de, além de estabelecer um novo sistema político, transformar uma
sociedade inteira; 3. Revolução Lenta, que produz profunda transformação social
através do passar das gerações.
Antes de prosseguirmos, precisamos assistir a este vídeo, em que o
MST (exército particular do PT) apresenta parte de suas intenções na PUC de
Goiás:
A Revolução Política também é conhecida como Reforma Política
(Reforma Agrária, Reforma Educacional, Reforma Fiscal etc), Mas, essa não é a
Revolução proposta pelo MST, especialmente porque eles mesmos já afirmaram que
têm "que dar um passo a mais" além dessa reforma e que todas as
reformas têm um limite e que eles já chegaram no seu limite para essas
reformas. Eles afirmam claramente que não querem "só a reforma
política".
Depois, temos a Revolução Lenta, que também não é a proposta pelo
MST no vídeo, especialmente porque também afirmaram que querem "uma
superação do sistema" e que têm que fazer algo a mais que o governo
popular de 12 anos no Brasil não conseguiu fazer. Ou seja, propõem uma
Revolução que não é Política, apenas, e nem Lenta. Que tipo de Revolução resta
então?
Resta a Revolução Súbita e Violenta.
Agora, vejamos o que os respeitados Norberto Bobbio, Nicola
Matteucci e Gianfranco Pasquino ensinam em seu conceituado Dicionário de
Política, p.27, sobre "revolução":
a revolução é, de per si, inteiramente
autoritária, já que pretende obter, pela força, tudo o que a razão, a opinião e
o consenso não conseguiram diligenciar[1]
Ainda, na mesma página, os autores explicam que
o conceito de revolução
enunciado - derrubamento da autoridade - para instauração da nova condição
ideal — coincide com o de rebelião, mantendo, de fato, as características do
imediatismo e da impaciência revolucionária. Para ela, os fins devem ser
alcançados imediatamente e os objetivos da transformação social são realizáveis
no brevíssimo arco da revolução-revolta. Aparece claro o elemento utopístico de
tal concepção revolucionária. Nesta concepção, a revolução mais do que efetiva
é puramente ideal e, mais do que política, sua natureza manifesta-se mais
intelectual e abstrata, imaginável em qualquer momento, sempre pronta a
explodir, mas nunca manifestada senão na configuração reduzida da rebelião e da
insurreição[2]
Jeff Goodwin, no clássico No
Other Way Out: States and Revolutionary Movements dá duas definições de uma
revolução. Ele afirma que revolução é:
qualquer e todas as
instâncias em que um estado ou um regime político é deposto e, assim,
transformado por um movimento social de forma irregular, extraconstitutional
e/ou violentos[3]
Depois, completa que:
revoluções implicam não
apenas em mobilização de massa e mudança de regime, mas também mais ou menos
rápida e fundamentais mudanças sociais, econômicas e culturais, durante ou logo
após a luta pelo poder do Estado[4]
Então, falando em revolução, nos moldes propostos pelo MST, dá
para citar algum exemplo histórico de revolução, desse tipo, que tenho sido
realizada sem a violência?
Prezados leitores, até a Revolução Cultural possui elementos de
violência, a exemplo da Revolução Cultural chinesa.
Poderíamos, ainda, falar sobre a Revolução de Saur, Revolução
Francesa ou a da própria Revolução Russa descrita em La Tragédie Soviétique, de
Martin Malia.
Finalizo recomendando as seguintes leituras:
BOESCHE, Roger.
Tocqueville's Road Map: Methodology, Liberalism, Revolution, and Despotism. New
York: Lexington Books, 2006.
WILLIAMSON, Kevin D. O Livro Politicamente Incorreto da Esquerda e
do Socialismo. Rio de Janeiro: Agir, 2013.
Grande abraço em todos.