Robson T. Fernandes
“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e
não segundo Cristo”
Colossenses
2:8
Lembro-me da época de criança quando em todos os meses de
junho minha família se reunia em torno da fogueira numa tradição mantida por
gerações, comendo comidas típicas e fazendo churrasco, tudo ao som daqueles
forrós tradicionais, a exemplo de Luiz Gonzaga. Com o passar dos anos, lembro
muito bem, perguntei a alguém muito importante em minha vida por que acendíamos
fogueiras todos os anos. Esta pessoa muito amada me disse que era porque na
época de Jesus Cristo as pessoas não tinham muita facilidade para se comunicar,
então, Maria e Isabel acertaram de acender uma fogueira para avisar do
nascimento de João Batista. Cresci acreditando nisso, tendo a certeza da
veracidade dessa estória.
AS FOGUEIRAS
Na verdade, as fogueiras como conhecemos, no mês de junho,
já faziam parte do paganismo dos países da atual Europa, desde os primórdios
até o século VI, quando então o catolicismo romano passou a atribuir tais
práticas a João Batista, o São João. A partir do século XIII, São Pedro e Santo
Antônio passaram a ser comemorados em Portugal e a partir de 1583 tais
comemorações passaram a fazer parte da cultura brasileira.
No século VI o Vaticano instituiu o dia 24 de junho como
data comemorativa do nascimento de São João, muito embora os pagãos já praticassem
isso nessa mesma data e com objetivos religiosos também.
A
fogueira de São João nasceu antes de são João. Quando o Vaticano instituiu, no
século VI, o dia 24 de junho para a comemoração do nascimento daquele que
batizou Cristo, os povos europeus já celebravam, com grandes fogueiras, a
chegada do sol e do calor. Em 58 a.C., quando o imperador romano César
conquistou a Gália (França), os bárbaros já comemoravam o solstício do verão,
no dia 22 ou 23 de junho - o momento em que o Sol pára de afastar-se (solstício
vem do latim e significa sol estático) e volta a incidir em cheio sobre o hemisfério norte. Os cultos pagãos eram rituais de
abundância e fertilidade, diz a professora Maria Montes, antropóloga da
Universidade de São Paulo. Havia sacrifícios de animais e oferendas de cereais
para afastar os demônios da esterilidade,
das pestes agrícolas e da estiagem. O cristianismo, na verdade, apenas converteu
uma tradição pagã em festa católica.[1]
Como
disse a professora Maria Montes, antropóloga da USP, “O cristianismo, na
verdade, apenas converteu uma tradição pagã em festa católica”. Tal pensamento
é confirmado pelo próprio Bispo Dom Pedro José Conti, Bispo Diocesano de Macapá,
quando, no site da Diocese afirma o seguinte:
O cristianismo apenas converteu uma
tradição pagã em católica, quando o Vaticano instituiu, no século VI, o dia 24
de junho para a comemoração do nascimento daquele que batizou o Cristo. Em
Portugal, as comemorações foram ampliadas no século XIII, incluindo o dia do
nascimento de Santo Antônio de Pádua e o da morte de São Pedro.[2]
Se
prosseguirmos em nossa pesquisa histórica a afirmação da aceitação da prática
pagã pelo catolicismo será cada vez mais confirmada e alicerçada. Portanto
surge o primeiro questionamento: Será que um crente em Jesus Cristo deveria
participar de uma festa que tem um objetivo claramente pagão e idólatra?
Talvez mais
outras questões devessem levantadas.
Alguém
poderia argumentar que não participa de tais festas com objetivo de idolatrar e
que não concorda com o objetivo religioso da festa. Porém, esta não é uma festa
que tenha sido criada por cristãos com o objetivo de divulgar ou alicerçar um
ensino bíblico ou uma mensagem cristocêntrica. Muito pelo contrário, o que
temos aqui é uma festa pagã que foi readaptada pelo catolicismo para manter a
prática idólatra de culto àquilo que é visto como santo pelo catolicismo: João,
Antônio e Pedro, mas que na verdade são distorções dos verdadeiros personagens
bíblicos. Tanto é que a mesma festa é chamada de festa joanina, em homenagem ao
“santo” católico.
Ainda,
alguém ainda poderia argumentar que busca uma redenção dessa festa, que deseja atribuir
um novo sentido ou significado à mesma, e que a pratica retirando os símbolos
pagãos e idólatras. Será mesmo? Bem, poderíamos falar sobre os símbolos
utilizados em tal festa.
AS BANDEIRINHAS
O que
dizer das inocentes bandeirolas penduradas nos tetos, por exemplo? Com qual
objetivo as tais bandeirinhas foram criadas?
Há muitos anos, era comum que nas
festas juninas as imagens dos três santos do mês (Santo Antônio, São João e São
Pedro) fossem gravadas em grandes bandeiras coloridas. Essas bandeiras eram
colocadas em água em evento conhecido como lavagem dos santos. A ideia era a
purificação da água e de quem se banhasse com ela. Com o passar do tempo, as
grandes bandeiras – ainda presentes em alguns lugares – deram lugar às famosas
bandeirinhas em alusão a esse ritual.[3]
As
bandeirinhas coloridas são, portanto, colocadas nos tetos com o objetivo de
fazer alusão a purificação concedida pelos três santos idolatrados na festa:
Santo Antônio, São João e São Pedro.
As bandeirolas
surgiram por causa dos três santos: são João, santo Antônio e são Pedro, onde
estes eram pregados nas bandeiras para serem admirados durante a festa. Assim,
passaram a fazer bandeirinhas pequenas e coloridas para alegrar o ambiente da
festa.
As bandeiras
dos santos também costumam ser lavadas, mergulhadas em um lago, riacho ou mesmo
numa bacia, para que as pessoas se molhem com essa água, podendo se purificar.[4]
Agora,
a pergunta é: Se as bandeiras têm essa finalidade, mesmo que poucas pessoas
saibam disso, com qual finalidade os seguidores de Cristo Jesus a utilizam em
suas “festas juninas redimidas”?
Alguém certamente
poderia argumentar que isso não importa porque ninguém sabe o significado disso
e que elas não são utilizadas com esse objetivo. Se isso está certo, se esse
pensamento é lógico, então um crente em Jesus Cristo poderia ter as imagens dos
“santos” católicos em sua casa, as imagens de escultura, desde que não os
idolatrasse. Isso seria certo? Seria bíblico? Certamente que não! Então, não é
isso que nos instrui o apóstolo Paulo por meio da Sagrada Escritura:
Ninguém vos
engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os
filhos da desobediência.
Portanto, NÃO SEJAIS PARTICIPANTES COM ELES.
Pois, outrora,
éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; ANDAI COMO FILHOS DA LUZ (porque o fruto da luz consiste em toda
bondade, e justiça, e verdade), PROVANDO
SEMPRE O QUE É AGRADÁVEL AO SENHOR.
E NÃO SEJAIS CÚMPLICES NAS OBRAS INFRUTÍFERAS DAS TREVAS;
ANTES, PORÉM, REPROVAI-AS.
Porque o que
eles fazem em oculto, o só referir é vergonha.
Mas todas as
coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se
manifesta é luz.
Pelo que diz:
Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te
iluminará.
Portanto, VEDE PRUDENTEMENTE COMO ANDAIS, NÃO COMO
NÉSCIOS, E SIM COMO SÁBIOS, remindo o tempo, porque os dias são maus.
Por esta razão,
não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.
Efésios 5:6-17
Não
acreditamos que seja correto utilizar uma prática de origem pagã, que foi
reutilizada com o objetivo de idolatrar imagens de escultura em uma festa tipicamente
religiosa. Isso não deve ser feito pelos seguidores de Jesus Cristo, e mais
ainda quando se utiliza dessa prática de forma simplesmente recreativa, quando
utilizamos símbolos ignorantemente e sem nenhum significado que conduza à
adoração ao Senhor, quando não temos nenhum objetivo de proclamar o Evangelho
ou glorificar a Deus. Portanto, o que temos visto, para nossa grande tristeza e
espanto, é uma prática cada vez mais mundana por parte daqueles que se dizem
seguidores de Cristo.
O que
vemos é a utilização de enfeites idólatras, em uma festa idólatra e com
objetivos idólatras por pessoas que não fazem a menor ideia do que está acontecendo
e que pensam estar cultuando a Deus com isso, quando o próprio Deus reprova as
práticas da idolatria.
OS BALÕES
E
quanto aos balões de São João?
Bem, em
primeiro lugar a legislação brasileira classifica tal ato como crime ambiental[5].
Em segundo lugar, a prática de soltar balões era realizada para avisar a
comunidade que a festa de São João estava começando.
Precisamos
entender que todas as coisas que praticamos têm um significado. Nada foi feito
simplesmente por ser bonito, mas para transmitir uma mensagem. Mesmo que não saibamos
o significado das coisas isso não quer dizer que as coisas não tenham significado,
mas apenas que não o sabemos, e o fato de não sabermos não justifica ou torna
legal a sua prática. Precisamos lembrar que uma das observações mais comuns de
Deus para seu povo é que este não seja ignorante:
Salmo
25:4:
“Faze-me, SENHOR, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas”.
Salmo
51:6:
“Eis que te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a
sabedoria”.
Salmo
119:66:
“Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois creio nos teus mandamentos”.
Provérbios
1:29:
“Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR”.
Provérbios
3:13:
“Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento”.
Provérbios
4:1:
“Ouvi, filhos, a instrução do pai e estai atentos para conhecerdes o
entendimento”.
Provérbios
18:15:
“O coração do sábio adquire o conhecimento, e o ouvido dos sábios procura o
saber”.
Provérbios
23:12:
“Aplica o coração ao ensino e os ouvidos às palavras do conhecimento”.
Provérbios
27:23:
“Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos”.
Eclesiastes
7:25:
“Apliquei-me a conhecer, e a investigar, e a buscar a sabedoria e meu juízo de
tudo, e a conhecer que a perversidade é insensatez e a insensatez, loucura”.
Ezequiel
16:2:
“Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém as suas abominações”.
Oséias
4:6a:
“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”.
Oséias
6:3:
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é
certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a
terra”.
Mateus
13:11:
“Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino
dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido”.
João
8:32:
“e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
AS MÚSICAS
Na
verdade a essência das festas juninas é a idolatria. Isso é tão forte que
muitas músicas cantadas nesse período atestam isso claramente. Só para ilustrar o que foi dito, vejamos alguns exemplos que atestam esse fato:
A música CAPELINHA DE MELÃO, de João de Barros e Adalberto
Ribeiro, diz: “Capelinha de melão é de São João”.
A música SONHO DE PAPEL, de Carlos Braga e Alberto Ribeiro, diz: “São João, São João! Acende a fogueira no meu coração. Sonho de papel a girar na escuridão, soltei em seu louvor no sonho multicor. Oh! Meu São João”.
A música PULA A FOGUEIRA, de João B. Filho, diz: “Nesta noite de festança todos caem na dança alegrando o coração. Foguetes, cantos e troca na cidade e na roça em louvor a São João”.
A música ISTO É LÁ COM SANTO ANTÔNIO, de Lamartine Babo, diz: “Eu pedi numa oração ao querido São João que me desse um matrimônio. São João disse que não! Isto é lá com Santo Antônio! [...] Implorei a São João desse ao menos um cartão que eu levava a Santo Antônio [...] São João ficou zangado, São João só dá cartão com direito a batizado [...] São João não me atendendo a São Pedro fui correndo nos portões do paraíso. Matrimônio! Matrimônio! Isso é lá com Santo Antônio”.
A música OLHA PRO CÉU MEU AMOR, de José Fernandes e Luiz Gonzaga, diz: “O céu estava todinho em festa, pois era noite de São João”.
A música SÃO JOÃO NA ROÇA, de Luiz Gonzaga, diz: “A fogueira tá queimando em homenagem a São João”.
Todas
essas músicas, apesar de expressarem a cultura popular nordestina nitidamente
católica, não são apenas meras expressões da cultura, mas instrumentos de
catequese, meios de instrução da doutrina católica.
E mais,
nem sequer chegamos a comentar outros tipos de musicas cantadas em ritmo de
forró que possuem letras que nem mesmo podemos publicar, de tão imorais e
imundas que são.
Agora,
o que um crente, seguidor de Jesus Cristo, tem em comum com tudo isto?
AS COMIDAS TÍPICAS
O que
dizer das comidas típicas servidas nessa época do ano?
O
apóstolo Paulo afirma em 1Timóteo 4:4 que “tudo que Deus criou é bom, e,
recebido com ações de graças, nada é recusável”. Portanto, desde que haja
oração a Deus, não existe uma contaminação espiritual, por assim dizer, no
alimento, mesmo que este tenha sido oferecido a um ídolo.
Contudo,
ao mesmo tempo, o mesmo apóstolo nos apresenta uma advertência, no caso de 1
Coríntios 10, que contextualizando para os nossos dias, poderíamos afirmar que se
tais comidas estão sendo servidas nos ambientes em que há a idolatria aos
santos da festa junina, devem ser evitadas. Não porque nos farão mal, mas por
causa do escândalo que causaremos, pois feriremos a lei do amor, e porque
estaríamos demonstrando estar em concordância com aquele tipo de prática. Passaríamos
para as pessoas que nos veem a ideia de que estamos de acordo com aquela festa
e com aquelas práticas, que não são bíblicas. Por isso o apóstolo nos afirma
que não podemos “ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios”
(1Co 10:21).
É
exatamente esse o termo colocado pelo apóstolo: “mesa dos demônios”.
Para o
apóstolo Paulo, qualquer comida preparada, servida ou consumida em um ambiente
religioso que não seja bíblico é comida sacrificada a demônios (1Co 10:20), e
por isso não podemos nos associar a demônios e depois ir para a Igreja, como se
isso fosse normal e natural, para participar da mesa do Senhor, da Santa Ceia.
Não há como ter comunhão com Deus e com demônios ao mesmo tempo.
Por
fim, podemos comer de tudo, desde que oremos ao Senhor (1Tm 4:4), mas por causa
da consciência de outras pessoas e visando zelar pelo nosso bom testemunho
essas práticas devem ser evitadas para que não sejamos motivo de tropeço e
escândalo contra Cristo e contra o Evangelho.
E ainda nem falamos sobre as “simpatias”, tão comuns, tão
praticadas e tão estimuladas nesta festa e que são um hábito puramente espírita.
Que Deus nos ajude e guie para a glória de Cristo.
Se quiser saber mais sobre o assunto, veja também:
A FESTA DE “SÃO JOÃO” E A FESTA DA COLHEITA
FESTAS JUNINAS
A FESTA DE “SÃO JOÃO” E A FESTA DA COLHEITA
FESTAS JUNINAS
[1]
Nhá-história do arraiá: a origem das
festas juninas. Disponível em:
http://super.abril.com.br/historia/nha-historia-do-arraia-a-origem-das-festas-juninas.
Acesso em 24 jun 2015.
[2]
Festa Junina. Disponível em:
http://www.diocesedemacapa.com.br/conteudo/view/11. Acesso em: 24 jun 2015.
[3]
Você conhece as histórias da
bandeirinha, balão e fogueira de São João? Disponível em: http://www.ebc.com.br/cultura/2013/06/voce-conhece-as-historias-da-bandeirinha-balao-e-fogueira-de-sao-joao.
Acesso em: 24 jun 2015.
[4]
Símbolos Juninos. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/festa-junina/simbolos-juninos.htm.
Acesso em 24 jun 2015.
[5]
A Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998 dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e
dá outras providências. O Art. 42. Afirma que “Fabricar, vender, transportar ou
soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de
vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena -
detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente”.
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