quarta-feira, 24 de junho de 2015

OS SÍMBOLOS DA FESTA JUNINA


 Um apanhado histórico sobre a origem dos símbolos das festas juninas

Robson T. Fernandes

“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”
Colossenses 2:8

Lembro-me da época de criança quando em todos os meses de junho minha família se reunia em torno da fogueira numa tradição mantida por gerações, comendo comidas típicas e fazendo churrasco, tudo ao som daqueles forrós tradicionais, a exemplo de Luiz Gonzaga. Com o passar dos anos, lembro muito bem, perguntei a alguém muito importante em minha vida por que acendíamos fogueiras todos os anos. Esta pessoa muito amada me disse que era porque na época de Jesus Cristo as pessoas não tinham muita facilidade para se comunicar, então, Maria e Isabel acertaram de acender uma fogueira para avisar do nascimento de João Batista. Cresci acreditando nisso, tendo a certeza da veracidade dessa estória.

AS FOGUEIRAS

Na verdade, as fogueiras como conhecemos, no mês de junho, já faziam parte do paganismo dos países da atual Europa, desde os primórdios até o século VI, quando então o catolicismo romano passou a atribuir tais práticas a João Batista, o São João. A partir do século XIII, São Pedro e Santo Antônio passaram a ser comemorados em Portugal e a partir de 1583 tais comemorações passaram a fazer parte da cultura brasileira.

No século VI o Vaticano instituiu o dia 24 de junho como data comemorativa do nascimento de São João, muito embora os pagãos já praticassem isso nessa mesma data e com objetivos religiosos também.

A fogueira de São João nasceu antes de são João. Quando o Vaticano instituiu, no século VI, o dia 24 de junho para a comemoração do nascimento daquele que batizou Cristo, os povos europeus já celebravam, com grandes fogueiras, a chegada do sol e do calor. Em 58 a.C., quando o imperador romano César conquistou a Gália (França), os bárbaros já comemoravam o solstício do verão, no dia 22 ou 23 de junho - o momento em que o Sol pára de afastar-se (solstício vem do latim e significa sol estático) e volta a incidir em cheio sobre o hemisfério norte. Os cultos pagãos eram rituais de abundância e fertilidade”, diz a professora Maria Montes, antropóloga da Universidade de São Paulo. Havia sacrifícios de animais e oferendas de cereais para afastar os demônios da esterilidade, das pestes agrícolas e da estiagem. O cristianismo, na verdade, apenas converteu uma tradição pagã em festa católica.[1]

Como disse a professora Maria Montes, antropóloga da USP, “O cristianismo, na verdade, apenas converteu uma tradição pagã em festa católica”. Tal pensamento é confirmado pelo próprio Bispo Dom Pedro José Conti, Bispo Diocesano de Macapá, quando, no site da Diocese afirma o seguinte:

O cristianismo apenas converteu uma tradição pagã em católica, quando o Vaticano instituiu, no século VI, o dia 24 de junho para a comemoração do nascimento daquele que batizou o Cristo. Em Portugal, as comemorações foram ampliadas no século XIII, incluindo o dia do nascimento de Santo Antônio de Pádua e o da morte de São Pedro.[2]

Se prosseguirmos em nossa pesquisa histórica a afirmação da aceitação da prática pagã pelo catolicismo será cada vez mais confirmada e alicerçada. Portanto surge o primeiro questionamento: Será que um crente em Jesus Cristo deveria participar de uma festa que tem um objetivo claramente pagão e idólatra?

Talvez mais outras questões devessem levantadas.

Alguém poderia argumentar que não participa de tais festas com objetivo de idolatrar e que não concorda com o objetivo religioso da festa. Porém, esta não é uma festa que tenha sido criada por cristãos com o objetivo de divulgar ou alicerçar um ensino bíblico ou uma mensagem cristocêntrica. Muito pelo contrário, o que temos aqui é uma festa pagã que foi readaptada pelo catolicismo para manter a prática idólatra de culto àquilo que é visto como santo pelo catolicismo: João, Antônio e Pedro, mas que na verdade são distorções dos verdadeiros personagens bíblicos. Tanto é que a mesma festa é chamada de festa joanina, em homenagem ao “santo” católico.

Ainda, alguém ainda poderia argumentar que busca uma redenção dessa festa, que deseja atribuir um novo sentido ou significado à mesma, e que a pratica retirando os símbolos pagãos e idólatras. Será mesmo? Bem, poderíamos falar sobre os símbolos utilizados em tal festa.

AS BANDEIRINHAS

O que dizer das inocentes bandeirolas penduradas nos tetos, por exemplo? Com qual objetivo as tais bandeirinhas foram criadas?

Há muitos anos, era comum que nas festas juninas as imagens dos três santos do mês (Santo Antônio, São João e São Pedro) fossem gravadas em grandes bandeiras coloridas. Essas bandeiras eram colocadas em água em evento conhecido como lavagem dos santos. A ideia era a purificação da água e de quem se banhasse com ela. Com o passar do tempo, as grandes bandeiras – ainda presentes em alguns lugares – deram lugar às famosas bandeirinhas em alusão a esse ritual.[3]

As bandeirinhas coloridas são, portanto, colocadas nos tetos com o objetivo de fazer alusão a purificação concedida pelos três santos idolatrados na festa: Santo Antônio, São João e São Pedro.

As bandeirolas surgiram por causa dos três santos: são João, santo Antônio e são Pedro, onde estes eram pregados nas bandeiras para serem admirados durante a festa. Assim, passaram a fazer bandeirinhas pequenas e coloridas para alegrar o ambiente da festa.
As bandeiras dos santos também costumam ser lavadas, mergulhadas em um lago, riacho ou mesmo numa bacia, para que as pessoas se molhem com essa água, podendo se purificar.[4]

Agora, a pergunta é: Se as bandeiras têm essa finalidade, mesmo que poucas pessoas saibam disso, com qual finalidade os seguidores de Cristo Jesus a utilizam em suas “festas juninas redimidas”?

Alguém certamente poderia argumentar que isso não importa porque ninguém sabe o significado disso e que elas não são utilizadas com esse objetivo. Se isso está certo, se esse pensamento é lógico, então um crente em Jesus Cristo poderia ter as imagens dos “santos” católicos em sua casa, as imagens de escultura, desde que não os idolatrasse. Isso seria certo? Seria bíblico? Certamente que não! Então, não é isso que nos instrui o apóstolo Paulo por meio da Sagrada Escritura:

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
Portanto, NÃO SEJAIS PARTICIPANTES COM ELES.
Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; ANDAI COMO FILHOS DA LUZ (porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade), PROVANDO SEMPRE O QUE É AGRADÁVEL AO SENHOR.
E NÃO SEJAIS CÚMPLICES NAS OBRAS INFRUTÍFERAS DAS TREVAS; ANTES, PORÉM, REPROVAI-AS.
Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha.
Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz.
Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará.
Portanto, VEDE PRUDENTEMENTE COMO ANDAIS, NÃO COMO NÉSCIOS, E SIM COMO SÁBIOS, remindo o tempo, porque os dias são maus.
Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.
Efésios 5:6-17

Não acreditamos que seja correto utilizar uma prática de origem pagã, que foi reutilizada com o objetivo de idolatrar imagens de escultura em uma festa tipicamente religiosa. Isso não deve ser feito pelos seguidores de Jesus Cristo, e mais ainda quando se utiliza dessa prática de forma simplesmente recreativa, quando utilizamos símbolos ignorantemente e sem nenhum significado que conduza à adoração ao Senhor, quando não temos nenhum objetivo de proclamar o Evangelho ou glorificar a Deus. Portanto, o que temos visto, para nossa grande tristeza e espanto, é uma prática cada vez mais mundana por parte daqueles que se dizem seguidores de Cristo.

O que vemos é a utilização de enfeites idólatras, em uma festa idólatra e com objetivos idólatras por pessoas que não fazem a menor ideia do que está acontecendo e que pensam estar cultuando a Deus com isso, quando o próprio Deus reprova as práticas da idolatria.

OS BALÕES

E quanto aos balões de São João?

Bem, em primeiro lugar a legislação brasileira classifica tal ato como crime ambiental[5]. Em segundo lugar, a prática de soltar balões era realizada para avisar a comunidade que a festa de São João estava começando.

Precisamos entender que todas as coisas que praticamos têm um significado. Nada foi feito simplesmente por ser bonito, mas para transmitir uma mensagem. Mesmo que não saibamos o significado das coisas isso não quer dizer que as coisas não tenham significado, mas apenas que não o sabemos, e o fato de não sabermos não justifica ou torna legal a sua prática. Precisamos lembrar que uma das observações mais comuns de Deus para seu povo é que este não seja ignorante:

Salmo 25:4: “Faze-me, SENHOR, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas”.

Salmo 51:6: “Eis que te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria”.

Salmo 119:66: “Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois creio nos teus mandamentos”.

Provérbios 1:29: “Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR”.

Provérbios 3:13: “Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento”.

Provérbios 4:1: “Ouvi, filhos, a instrução do pai e estai atentos para conhecerdes o entendimento”.

Provérbios 18:15: “O coração do sábio adquire o conhecimento, e o ouvido dos sábios procura o saber”.

Provérbios 23:12: “Aplica o coração ao ensino e os ouvidos às palavras do conhecimento”.

Provérbios 27:23: “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos”.

Eclesiastes 7:25: “Apliquei-me a conhecer, e a investigar, e a buscar a sabedoria e meu juízo de tudo, e a conhecer que a perversidade é insensatez e a insensatez, loucura”.

Ezequiel 16:2: “Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém as suas abominações”.

Oséias 4:6a: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”.

Oséias 6:3: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra”.

Mateus 13:11: “Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido”.

João 8:32: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

AS MÚSICAS

Na verdade a essência das festas juninas é a idolatria. Isso é tão forte que muitas músicas cantadas nesse período atestam isso claramente. Só para ilustrar o que foi dito, vejamos alguns exemplos que atestam esse fato:

A música CAPELINHA DE MELÃO, de João de Barros e Adalberto Ribeiro, diz: “Capelinha de melão é de São João”.

A música SONHO DE PAPEL, de Carlos Braga e Alberto Ribeiro, diz: “São João, São João! Acende a fogueira no meu coração. Sonho de papel a girar na escuridão, soltei em seu louvor no sonho multicor. Oh! Meu São João”.

A música PULA A FOGUEIRA, de João B. Filho, diz: “Nesta noite de festança todos caem na dança alegrando o coração. Foguetes, cantos e troca na cidade e na roça em louvor a São João”.

A música ISTO É LÁ COM SANTO ANTÔNIO, de Lamartine Babo, diz: “Eu pedi numa oração ao querido São João que me desse um matrimônio. São João disse que não! Isto é lá com Santo Antônio! [...] Implorei a São João desse ao menos um cartão que eu levava a Santo Antônio [...] São João ficou zangado, São João só dá cartão com direito a batizado [...] São João não me atendendo a São Pedro fui correndo nos portões do paraíso. Matrimônio! Matrimônio! Isso é lá com Santo Antônio”.

A música OLHA PRO CÉU MEU AMOR, de José Fernandes e Luiz Gonzaga, diz: “O céu estava todinho em festa, pois era noite de São João”.

A música SÃO JOÃO NA ROÇA, de Luiz Gonzaga, diz: “A fogueira tá queimando em homenagem a São João”.

Todas essas músicas, apesar de expressarem a cultura popular nordestina nitidamente católica, não são apenas meras expressões da cultura, mas instrumentos de catequese, meios de instrução da doutrina católica.

E mais, nem sequer chegamos a comentar outros tipos de musicas cantadas em ritmo de forró que possuem letras que nem mesmo podemos publicar, de tão imorais e imundas que são.

Agora, o que um crente, seguidor de Jesus Cristo, tem em comum com tudo isto?

AS COMIDAS TÍPICAS

O que dizer das comidas típicas servidas nessa época do ano?

O apóstolo Paulo afirma em 1Timóteo 4:4 que “tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável”. Portanto, desde que haja oração a Deus, não existe uma contaminação espiritual, por assim dizer, no alimento, mesmo que este tenha sido oferecido a um ídolo.

Contudo, ao mesmo tempo, o mesmo apóstolo nos apresenta uma advertência, no caso de 1 Coríntios 10, que contextualizando para os nossos dias, poderíamos afirmar que se tais comidas estão sendo servidas nos ambientes em que há a idolatria aos santos da festa junina, devem ser evitadas. Não porque nos farão mal, mas por causa do escândalo que causaremos, pois feriremos a lei do amor, e porque estaríamos demonstrando estar em concordância com aquele tipo de prática. Passaríamos para as pessoas que nos veem a ideia de que estamos de acordo com aquela festa e com aquelas práticas, que não são bíblicas. Por isso o apóstolo nos afirma que não podemos “ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1Co 10:21).

É exatamente esse o termo colocado pelo apóstolo: “mesa dos demônios”.

Para o apóstolo Paulo, qualquer comida preparada, servida ou consumida em um ambiente religioso que não seja bíblico é comida sacrificada a demônios (1Co 10:20), e por isso não podemos nos associar a demônios e depois ir para a Igreja, como se isso fosse normal e natural, para participar da mesa do Senhor, da Santa Ceia. Não há como ter comunhão com Deus e com demônios ao mesmo tempo.

Por fim, podemos comer de tudo, desde que oremos ao Senhor (1Tm 4:4), mas por causa da consciência de outras pessoas e visando zelar pelo nosso bom testemunho essas práticas devem ser evitadas para que não sejamos motivo de tropeço e escândalo contra Cristo e contra o Evangelho.

E ainda nem falamos sobre as “simpatias”, tão comuns, tão praticadas e tão estimuladas nesta festa e que são um hábito puramente espírita.

Que Deus nos ajude e guie para a glória de Cristo.


Se quiser saber mais sobre o assunto, veja também:

A FESTA DE “SÃO JOÃO” E A FESTA DA COLHEITA

FESTAS JUNINAS





[1] Nhá-história do arraiá: a origem das festas juninas. Disponível em: http://super.abril.com.br/historia/nha-historia-do-arraia-a-origem-das-festas-juninas. Acesso em 24 jun 2015.

[2] Festa Junina. Disponível em: http://www.diocesedemacapa.com.br/conteudo/view/11. Acesso em: 24 jun 2015.

[3] Você conhece as histórias da bandeirinha, balão e fogueira de São João? Disponível em: http://www.ebc.com.br/cultura/2013/06/voce-conhece-as-historias-da-bandeirinha-balao-e-fogueira-de-sao-joao. Acesso em: 24 jun 2015.

[4] Símbolos Juninos. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/festa-junina/simbolos-juninos.htm. Acesso em 24 jun 2015.

[5] A Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. O Art. 42. Afirma que “Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente”.

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