quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Dinheiro em Bíblias, sanguessugas, dólares ilícitos e Judas Iscariotes


Uma reflexão sobre os escândalos que têm assolado a Igreja de Jesus Cristo

Robson T. Fernandes

Quantos escândalos têm assolado o seio da Igreja? E para piorar a situação estes têm acontecido em todo o país.

Jesus disse que os escândalos viriam. Na verdade, até entre os apóstolos teve um que escandalizou traindo Jesus. Se foi assim com o Senhor, conosco não poderá ser diferente.

O maior problema que vejo não é a existência de escândalos, mas a forma como a Igreja tem se portado diante destes, suportando e mantendo no seu seio os que tais coisas praticam. A igreja tem sido pecaminosamente tolerante.

Não podemos imitar o catolicismo, que ao se descobrir os escândalos sexuais do bispo de Boston acolheu-o passivamente nos átrios do Vaticano, permitindo até que fosse o responsável por celebrar a missa de enterro de João Paulo II. Não podemos suportar tal nível de hipocrisia, descaso e desfaçatez.

Não podemos imitar o Russelismo (Testemunhas de Jeová), que ao se desmascarar as suas inúmeras falsas profecias continuam mascarando a verdade, com uma suposta aparência de vítimas.

Não podemos imitar o secularismo, que se faz utilizar das mais absurdas artimanhas para se chegar ao poder e lá chegando se faz utilizar dos mais bizarros conchavos para se defender e fortalecer as próprias costas.

Não!

Nós evangélicos temos suportado pacientemente os falsos, mentirosos, trambiqueiros e impostores no nosso meio, em nome de uma falsa espiritualidade e de um deturpado “domínio próprio”, em nome de uma distorção bíblica alicerçada no “tende a paz com todos”, corroborada pela distorção do “suportai uns aos outros” e na covardia que se esconde atrás do “não julgueis para que não sejais julgados”.

Tem faltado caráter, compromisso, seriedade e amor sincero a Deus.

Está faltando entender que a Igreja está alicerçada no amor, mas que também é o baluarte da verdade. Ou seja, a igreja tem obrigatoriamente que servir como referência da verdade no mundo.

Muitos crentes querem mudar o Brasil a partir de Brasília, mas o Brasil só será mudado com a união de uma oração verdadeira e viva com uma vida sincera e bíblica. Tem muito crente desejando um assento em Brasília, com o único interesse de engordar os próprios bolsos.

Ronald Sider acertou ao afirmar que “o comportamento escandaloso tem destruído rapidamente o cristianismo; e mais, os cristãos afirmam com os lábios que Jesus é Senhor, mas com os atos demonstram lealdade ao dinheiro, ao sexo e a seus interesses pessoais”.

Ricardo Gondim faz o desfecho da questão ao afirmar, acertadamente, que a Igreja, como toda instituição social, precisa ser fiscalizada, cobrada e investigada.

Já vimos em rede nacional de televisão ministros evangélicos que escondem dinheiro dentro de Bíblia para viajar ao exterior. Já vimos o escândalo dos “sanguessugas” que envolvia políticos evangélicos e dinheiro da saúde pública através de compras de ambulâncias. Já vimos supostos apóstolos da atualidade vendo o sol “Renascer” quadrado nos EUA.

Agora, o pastor Ted Haggard, presidente da Associação Evangélica Nacional e conselheiro do presidente norte-americano George W. Bush, é mais um envolvido em escândalos noticiados pela mídia: o seu relacionamento com prostituição e tóxicos.

Parece que a sede por poder tem dominado a mente daqueles que deveriam ser os exemplos para nós e para a sociedade.

Sei que ninguém é perfeito, e que todo ser humano está passível de erros, mas errar em uma área como essa é o mesmo que saber que tem veneno no copo e ainda assim decidir beber. É uma sede por algo que irá conduzir a morte.

A Igreja tem tolerado com a maior naturalidade o pecado.

Estamos acostumados a ouvir falar de escândalos que envolvem os “peixes grandes”, mas e os pequenos?

Infelizmente existem aqueles que são pequenos e que se portam da mesma forma, acobertando pecados no seio da igreja, que envolvem desvio de dinheiro, manipulação de vidas, apoio a prostituição etc.

Sabemos que não podemos generalizar, mesmo porque temos também bons exemplos de homens que dedicaram toda a vida à pregação do Evangelho com sinceridade e servindo de modelo para outros.

E não estamos generalizando, mas também não temos a menor pretensão de tapar o sol com a peneira, ou seja, encobrir nossos próprios erros internos. Antes, a Bíblia nos diz que devemos notar, ou seja, destacar, as pessoas que promovem escândalos.

A Igreja precisa aprender a confrontar o pecado, para que possa ser referencial de integridade e exemplo de procedimento. Não podemos compactuar com o pecado nem nos omitir, pois tais coisas nos tornam cúmplices daquilo que o Senhor abomina.

Se faz necessário voltar as práticas bíblicas de forma bíblica, de forma prática e não em apenas discursos hipócritas recheados da falsa eloquência daqueles que sabem bem como enganar.

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