Uma reflexão sobre as
crenças antibíblicas no meio evangélico sobre doença e morte
Robson T. Fernandes
Robson T. Fernandes
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias
provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz
perseverança” (Tg 1:2-3)
Um dos grandes problemas na igreja de hoje
é a busca pelo contentamento pessoal em detrimento dos princípios bíblicos. Por
essa razão muitas pessoas têm se revoltado contra Deus quando a dor e o
sofrimento batem à porta.
Ainda, quando alguém lhes fala sobre a verdade do sofrimento bíblico na vida cristã, isso parece tão absurdo e revoltante que se jogam contra quem lhes comunica essa verdade da Escritura da mesma forma que um lutador de sumô se lança contra o seu oponente.
Ainda, quando alguém lhes fala sobre a verdade do sofrimento bíblico na vida cristã, isso parece tão absurdo e revoltante que se jogam contra quem lhes comunica essa verdade da Escritura da mesma forma que um lutador de sumô se lança contra o seu oponente.
Rapidamente, sentimentos como ira, indignação e revolta
afloram contra quem afirma que o crente pode ficar doente e até morrer como
resultado da vontade de Deus. Os seguidores do Movimento da fé se revoltam quando
afirmamos que isso pode ocorrer como um meio do Senhor ser glorificado. Esse
tipo de mensagem é tão rejeitada nos dias de hoje que qualquer um que fizer tal
afirmação é visto rapidamente pelos seguidores deste Movimento da Fé como um
inimigo do cristianismo ou como alguém que vive uma vida medíocre, alguém que
não recebeu a palavra revelada. Principalmente porque aqueles que não aceitam o
sofrimento como algo vindo de Deus se acham supercrentes, pequenos deuses. Os
seguidores desse Movimento perpetuam seu erro ao pensar que há poder em nossas
palavras, o que na verdade é uma crença oriunda do hinduísmo e não do
cristianismo. São cristãos na denominação e hindus na prática.
Muitos questionam se é correto falar sobre as distorções
bíblico-teológicas quando algum proponente desse Movimento da Fé morre. Muitos
dizem que isso é abusar da dor alheia, desrespeitar o sofrimento do próximo e
até fazer uma demonstração pública e inconveniente de falta de amor.
Em primeiro lugar, é preciso compreender que a essência do
amor bíblico não se resume à um mero sentimento, mas a uma atitude que está
alicerçada na verdade da Escritura. O amor bíblico é guiado não por palavras
suaves, agradáveis e que acariciam o ego dos seus seguidores, mas pela verdade.
E é esta verdade que deve ser a marca da Igreja, dos seguidores verdadeiros de
Jesus Cristo. Devemos entender que o compromisso verdadeiro do cristão não é
falar bem, mas falar a verdade, pois a Igreja de Cristo – antes de mais nada –
deve ser conhecida como “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3:15).
Hoje vivemos em meio a uma Igreja que abraçou o discurso do
politicamente correto, e por isso, qualquer um que fale a verdade desmascarando
o erro será visto não como um fiel, mas como um radical, extremista,
fundamentalista e “xiita” evangélico. O problema com isso, é que se Jesus é o
nosso modelo e exemplo, precisamos entender que Ele mesmo escolhia muito bem as
palavras para falar com aqueles que distorciam as Escrituras, chamado-os de
“falsos”, “hipócritas”, “filhos do diabo” etc.
Então, como será que seremos vistos hoje se agirmos da mesma
forma? E mais, como será que o próprio Jesus seria visto e recebido em certas
“igrejas” se mantivesse o mesmo discurso da Sagrada Escritura? Certamente, Ele
mantém o mesmo discurso e sua mensagem é bastante dura contra a Sua Igreja,
como podemos constatar se estudarmos Apocalipse 2 e 3.
“Porque a ocasião de começar o
juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o
fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” (1Pe 4:17)
Entendemos que alguns argumentem que não se deve falar das
distorções doutrinárias no momento da morte de alguém que propagava tais
práticas, mas também é exatamente nesse momento que muitos têm se aproveitado
da situação para fortalecer a crença no erro da Confissão Positiva.
O cuidado, porém, deve ser tomado para que não se façam
acusações pessoais, pois a nossa luta não é contra pessoas, contra indivíduos,
e sim contra as distorções doutrinárias, contra ensinos. Portanto, é preciso
buscar demonstrar a incoerência dos ensinos de tais pessoas. A nossa questão
não é quanto a sua vida particular, ou seus aspectos pessoais, e sim quanto a
questão bíblico-teológica. Devemos nos ater a questão doutrinária. E na questão
doutrinária os seguidores deste Movimento ensinam que a doença é fruto do
pecado individual.
Por tudo isso, esse é o momento exato e propício para se
tratar da questão doutrinária e não pessoal.
Por experiência própria, já vimos proponentes desse
movimento morrer vítimas de câncer e como ninguém se pronunciou na época, o
assunto esfriou e depois passaram a dizer que o falecido não morreu de câncer,
que ninguém questionasse o motivo de sua morte porque Deus poderia dizer “não é
de sua conta”. Ou seja, a mentira foi perpetuada porque ninguém ousou
questionar os desvios na época do falecimento, em respeito aos que estavam
sofrendo. Por isso, se deixamos o tema esfriar, a heresia será mantida e depois
os fatos serão distorcidos. Já chegaram e dizer que o falecido só morreu porque
alguns irmãos o liberaram para isso, pelo poder de suas palavras.
Se deixarmos a ocasião passar, a distorção e o erro
doutrinário serão mantidos e perpetuados, como já vem sendo há bastante tempo.
Se fazemos o que fazemos, não é por falta de sensibilidade à
situação daqueles que estão sofrendo, mas exatamente porque nos preocupamos com
a situação espiritual daqueles que sofrem.
Fazendo uma analogia, por que é que os pastores pregam nos
velórios e aproveitam a situação para fazer apelos de salvação?
Será que estes pastores estão sendo insensíveis com a
situação e querem tirar proveito da fragilidade de quem está sofrendo pelo
falecido? Ou será que é porque eles sabem da verdade espiritual e querem usar a
situação para abrir os olhos dos ouvintes para a verdade, já que estão
sensíveis naquele momento?
O mesmo princípio se aplica aqui. Digo isto por experiência
própria e pessoal. Algumas pessoas do Movimento da Fé já têm nos procurado
porque estão “em parafuso”, pois a verdade foi apresentada na época da morte de
seus líderes, especialmente porque estes mesmos líderes afirmaram em vida que
haviam sido curados. Nesse momento, muitos estão sem entender e estão buscando
respostas, já que foram ensinados de forma errada durante toda a vida.
Por outro lado, a falta de argumentos bíblicos de tais
pessoas tem levado-os à falta de domínio próprio e à ira, que são pecados da
carne, fazendo com que tais pessoas leiam certas coisas e não entendam, porque
a ira cega o entendimento. Por isso, é necessário termos mansidão e temor na
nossa exposição da verdade bíblica, como diz 1Pe 3:15.
Diante de tudo isso, acreditamos que é preciso esclarecer
mais alguns pontos:
1) Não defendemos que Deus não cura. Cremos que Deus pode
curar sim. Mas isso ocorre dentro de Sua vontade e soberania, assim como também
pode decidir não curar, dentro de Sua vontade e soberania, da mesma forma;
“E dizia: Aba, Pai, tudo te é
possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o
que tu queres” (Mc 14:36).
2) Qualquer pessoa, seja crente ou não, pode adoecer de
qualquer tipo de doença. Por exemplo, a incidência de câncer em minha família é
grande. Então, provavelmente eu sou propício a ter essa doença no futuro.
Contudo, se esse for o caso, deverei continuar adorando, glorificando e
honrando ao meu Deus da mesma forma, porque precisamos aprender a viver contentes
em toda e qualquer situação. Se uma doença tira a paz e a estabilidade daquele
que diz seguir a Cristo, existe algo errado em sua fé. O Jesus Cristo da Bíblia
não desestabiliza ninguém por causa de uma doença. Antes disso, o fortalece em
meio a tempestade. Devemos lembrar que Cristo não impediu que os apóstolos
enfrentassem tempestades, mas estava com eles no barco;
“Mas, se somos atribulados, é para
o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso
conforto, o qual se torna eficaz, suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos
que nós também padecemos” (2Co 1:6)
3) Devemos adorar o nosso Deus por quem Ele é, e não por
aquilo que Ele nos dá. Então, a nossa adoração à Deus e o nosso serviço à Ele devem
ser dados de forma incondicional. Aqueles que só querem aceitar de Deus aquilo
que lhe agrada e que lhe é conveniente são interesseiros e o seu relacionamento
com Cristo não é sincero nem verdadeiro. Devemos lembrar o próprio Jó disse,
sobre sua esposa que era uma louca: “Como fala qualquer doida, falas tu;
receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó
com os seus lábios” (Jó 2:10). O fato, aqui citado, é que muito embora Satanás
tenha afligido a Jó, ele mesmo disse que o mal veio de Deus. Isso mesmo! O mal
veio de Deus e a própria Bíblia diz que Jó não pecou por dizer isso. Então é
pecado dizer o contrário daquilo que a Bíblia revela. O pecado está em dizer
algo que é contrário àquilo que a sagrada Escritura estabelece como verdade;
“E, para que não me ensoberbecesse
com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de
Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três
vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça
te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais
me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”
(2Co 12:7-9)
4) Não podemos esquecer que agradou a Deus “moer” Jesus (Is
53:10); Que Deus é quem faz a ferida e cura, se Ele quiser, e que não há quem
escape da mão Dele (Dt 32:39); Que a doença também é um meio que Deus usa para
glorificar o Seu Soberano nome, como no caso de Lázaro (Jo 11:4); Que o homem
cego, nasceu cego “para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9;2,2);
“Eu formo a luz e crio as trevas;
faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” (Is
45:7)
5) Não podemos esquecer que em muitos casos Deus não livrou
seu povo do sofrimento, dor e aflição, mas esteve com ele em meio a tudo isso.
E que por muitas vezes Deus os deixou morrer porque era necessário que assim
fosse, a exemplo dos apóstolos. Ainda assim, e diante de tudo isso, Ele
continua sendo Deus!;
“Porque para mim tenho por certo
que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a
ser revelada em nós” (Rm 8:18)
Por último, entendemos que a ira dos seguidores do Movimento
da Fé contra a verdade bíblica revelada de forma clara e inequívoca se
manifesta porque os alicerces de madeira podre de seu palácio de cristal estão
sendo abalados. Aquilo que tanto sonhavam alcançar é ameaçado e a única defesa
de que não tem respaldo bíblico é a ignorância e brutalidade da violência, nem
que esta seja verbal. Mas precisamos nos lembrar que os verdadeiros filhos de
Deus devem ter, em si, o fruto do Espírito, a começar pelo verdadeiro amor
bíblico que está alicerçado na verdade e passando pelo domínio próprio.
Que façamos como os crentes de Beréia que examinavam “cada
dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At 17:11).