quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A mulher de Caim

Autor: Robson T. Fernandes
Em Gn 3:16 Deus disse: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.”
Isto é, Deus disse que Eva teria “filhos”. Observe o plural. De acordo com Gn 4:1, Caim foi o primeiro filho do casal, Adão e Eva, mas não único.
Em Gn 4:2 a Bíblia revela que o casal, Adão e Eva, teve outro filho, Abel.
Na continuação da história, Caim mata seu irmão, Abel e é amaldiçoado por isso.
Em Gn 4:17 está escrito: “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque”
Bem, de onde veio essa mulher de Caim?
É importante observar que a expressão “conhecer” necessariamente não significa ver e ter contato a primeira vez, mas ter relação sexual. Esse é o primeiro ponto a ser esclarecido.
É importante observar o uso dessa expressão no texto bíblico.
Em Gn 4:1, a expressão é usada para se referir a prática sexual de Adão e Eva que gerou Caim.
Em Gn 4:17, a expressão é utilizada para se referir a prática sexual entre Caim e sua esposa, pois está escrito que ela “concebeu”, ou seja, deu a luz.
Em Nm 31:17 a expressão, mais uma vez, é utilizada para se referir a prática sexual.
Em diversos textos bíblicos a expressão conhecer pode ser empregada para se referir a prática sexual, como em Gn 4:25; Jz 11:39; 1Sm 1:19; 1Rs 1:4; Mt 1:25.
Ainda, é importante observar que Caim, Abel e Sete não foram os únicos filhos de Adão e Eva. Todavia, eles foram os únicos citados pelo nome, já que aconteceu algo em suas vidas que mereceu um destaque.
No caso de Abel, um bom pastor que foi assassinado.
No caso de Caim, um agricultor que cometeu o primeiro assassinato.
No caso de Sete, aquele que representa a volta da adoração a Deus, já que o texto bíblico o identifica como sendo o descendente de Adão e Eva através do qual a adoração a Deus recomeçou (Gn 4:26).
Quando a Bíblia relata que Abel foi pastor de ovelhas, isso nos leva a raciocinar que ele possuía um rebanho. Ora, Deus só criou um casal de cada espécie animal. Entretanto, Abel pastoreava um rebanho. Isso indica que ele já não era mais uma criancinha, e que alguns anos já haviam se passado, para que as ovelhas tivessem tempo de se reproduzir e um rebanho fosse constituído.
É importante observar que quando Sete nasceu, Adão tinha 130 anos de idade. Ou seja, houve bastante tempo para ter filhos.
Diante disso precisamos relembrar o que Deus disse à Eva no momento da expulsão do Édem: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” (Gn 3:16)
Deus disse que Eva teria “filhos”.
Corroborando a afirmação, encontramos Gn 5:4,5 que nos diz que Adão “gerou filhos e filhas”.
Devemos entender que Adão não começou a gerar filhos e filhas apenas após o nascimento de Sete, porque em Gn 3:20, após a expulsão do paraíso, o próprio Adão coloca o nome de sua esposa de Eva, que no hebraico significa “vida”, porque ela se tornou a mãe de todo ser humano. Ou seja, após a expulsão do Édem, Eva começou a gerar filhos. “E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos”.
Ao afirmar que esta era a mãe de todos os seres humanos só podemos concluir, logicamente, que esta teve filhos e filhas!
Com isso, surge outro possível problema: o incesto.
Será que Deus estava apoiando o incesto?
Primeiro, a degradação genética existente na raça humana vai crescendo com o passar das gerações, e aqui nós estamos tratando do começo da raça humana. Portanto, não existiam as doenças congênitas, naquela época, que hoje existem.
É importante observar, como comprovação da afirmação feita, que as pessoas naquela época viviam muito mais anos do que nós vivemos hoje, a exemplo de Adão que viveu 930 anos, Sete (912 anos), Enos (905 anos), Cainã (910 anos), Maaleleel (895 anos), Jerede (962 anos), Enoque (365 anos), Matusalém (969 anos), Lameque (777 anos), Noé (950 anos) e Sem (600 anos).
Portanto, os defeitos congênitos ainda não eram evidentes.
Segundo, somente a partir de Levítico 18 é que encontramos a proibição de casamentos entre parentes próximos, o que inclui irmãos. Porém, aqui estamos tratando de aproximadamente 2500 anos antes.
É claro e evidente que deveria haver casamento entre parentes próximos no período de Adão e Eva, pois se não fosse assim como a raça humana teria se multiplicado, se Deus fez apenas um único casal (Adão e Eva)?
É evidente que houve casamentos entre irmãos.
Só no futuro é que a prática viria a ser proibida, como encontramos em Lv 18.
Para comprovar a afirmação podemos estudar a vida de Abrão, o pai na fé, que casou com sua meia-irmã – Sara (Gn 20:12), isso há aproximadamente 2000 anos após Adão e Eva e cerca de 500 anos antes da Lei ser entregue por Deus à Moisés.
Portanto, Caim casou com um irmã ou parente muito próxima, e incesto - naquele período - não era proibido por Deus.
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